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Publicado em 06/06/2025, às 11h22 Com 62 empresas certificadas, o programa já transforma a cultura alimentar do Rio Grande do Norte. - Divulgação Dani Oliveira
O selo Feito Potiguar, criado para reconhecer produtos com identidade potiguar, está ultrapassando as gôndolas tradicionais e mira agora os setores de hospedagem e alimentação fora do lar. Supermercados, hotéis, bares, restaurantes e pousadas passaram a ser considerados estratégicos para impulsionar o consumo de alimentos, bebidas e produtos naturais produzidos no Rio Grande do Norte. A expansão do programa foi anunciada durante audiência pública realizada na Assembleia Legislativa nesta quarta-feira 5, por iniciativa do deputado Hermano Morais (PV) em parceria com o Sebrae.
Mais do que um selo, o Feito Potiguar é um movimento que quer mudar hábitos de consumo e devolver ao potiguar o orgulho daquilo que é produzido em seu território.
A gente nem sabe o que está comendo em muitos lugares. O nosso desafio agora é garantir que, ao sentar à mesa de um hotel ou restaurante, o cliente reconheça que aquele produto foi feito aqui”, afirmou Zeca Melo, superintendente do Sebrae-RN e principal articulador do programa.
O Grupo Queiroz foi o primeiro grande varejista a aderir, com a criação de uma gôndola exclusiva para produtos certificados. Agora, a meta é replicar a ideia em redes hoteleiras, estabelecimentos gastronômicos e espaços turísticos. “Essa conexão direta com o consumidor amplia o alcance dos pequenos produtores, que sozinhos não conseguiriam ocupar esses espaços. O selo entra como uma ponte de confiança e identidade”, disse a consultora Adriana Lucena, que emocionou o plenário ao relembrar a história da carne de sol, do sal potiguar e do queijo de manteiga como expressões da cultura alimentar do estado.
Já são 62 empresas certificadas com o selo, entre queijeiras, produtores de mel, cafés, castanhas, geleias e derivados do leite e da carne. Elas passaram por um processo de avaliação conduzido por um comitê técnico formado por Sebrae, Fiern, Faern, Fecomércio, Idema, Sape, Mapa, Suvisa e Covisa, que garante critérios sanitários, produtivos e simbólicos. Os produtos aprovados podem exibir o selo e são promovidos em eventos, feiras, feiras internacionais e no site oficial do programa (www.feito.igua.com.br).
Durante a audiência, a diretora do Grupo Queiroz, Lucineide Queiroz, afirmou que a adesão foi imediata por parte da rede. “Vimos de cara que esse projeto não é apenas de mercado. Ele transforma vidas. E temos orgulho de dizer que estamos dentro. A gente quer ver esses produtos nas gôndolas, nas prateleiras e também nas mesas das pessoas”, declarou.
A expansão do Feito Potiguar também mira grandes feiras e eventos fora do estado. A próxima edição da Expofruit, em Mossoró, será totalmente dedicada à campanha. Além disso, o Sebrae já confirmou a presença do selo na Fispal, maior evento do setor de alimentos da América Latina. “Vamos levar cordeiro, mel, queijo, café e tudo mais que expressa o jeito potiguar de fazer”, disse Zeca Melo.
O superintendente do Banco do Nordeste, Jeová Lins, lembrou que boa parte das empresas certificadas são clientes do programa de microcrédito do banco. “No ano passado, injetamos R$ 1,6 bilhão em pequenos negócios potiguares. Muitas dessas empresas estão agora exibindo o selo e conquistando novos espaços”, afirmou. Segundo ele, o Feito Potiguar reforça a integração entre crédito, capacitação e mercado.
A audiência na AL contou com a presença de representantes da Fiern, Fecomércio, Faern, UFRN, Abrasel, Anorc, Sebrae e gestores públicos de diversos municípios. O presidente da Femurn, Babá Pereira, defendeu a interiorização da campanha e disse que os prefeitos já estão sendo mobilizados. “Esse selo valoriza a cultura, estimula a economia e promove identidade. É o tipo de política que precisamos apoiar em todos os municípios”, disse.
O Feito Potiguar nasceu com um propósito simples: fazer o potiguar consumir o que é seu. Mas, segundo os organizadores, ele tem potencial para transformar o modo como o Rio Grande do Norte se vê — e como o Brasil verá o RN nos próximos anos. Como resumiu a consultora Adriana Lucena: “Cada hambúrguer de cordeiro, cada queijo artesanal, cada pote de geleia carregam a história de quem somos. E isso não tem preço”.