Negócios
Publicado em 24/07/2025, às 13h47 Reprodução/Freepik BNews Natal
Tradicionalmente enraizadas em valores familiares e passadas de geração em geração, as empresas familiares respondem por mais de 90% dos negócios no Brasil, empregam 75% da força de trabalho e representam mais da metade do PIB nacional, segundo o IBGE.
Mas, diante das novas exigências do mercado, muitas delas estão optando por abrir mão da liderança tradicional e entregar o comando a executivos profissionais, com formação técnica e experiência corporativa. A mudança, que antes causava resistência, agora é vista como estratégia de crescimento e longevidade.
Esse movimento pode ser observado em empresas como a Ecoville, rede de produtos de limpeza, fundada em 2007 pelos irmãos Leonardo e Leandro Castelo. O negócio, que começou com vendas porta a porta em uma Kombi, hoje opera no modelo de franquias e faz parte do Ecossistema 300 Franchising.
Com a expansão acelerada, os fundadores decidiram profissionalizar a gestão e, em 2021, passaram a liderança da empresa para Cristiano Correa, um ex-franqueado que se destacou pela performance acima da média.
De franqueado a executivo-chefe
A trajetória de Cristiano, engenheiro mecânico e ex-executivo da Unilever e da Caloi, começou como franqueado da Ecoville ao lado da esposa. O sucesso da unidade chamou a atenção da rede: enquanto o faturamento médio era de R$ 100 mil, a loja do gaúcho chegava a R$ 500 mil por mês.
O desempenho o levou ao convite para assumir o cargo de CEO e replicar sua metodologia de gestão para toda a operação.
Ao assumir o posto, Cristiano implementou uma nova estrutura diretiva, formalizou limites de decisão por contrato e passou a testar inovações em unidades-piloto antes de escalá-las.
“Tomava decisões com base em dados, e isso gerou confiança”, lembra. Desde então, a Ecoville cresceu 40% e, só no último ano, teve alta de 20%, com 300 franquias em operação. A projeção para 2025 é abrir mais 100 unidades e crescer 25%.
Gestão orientada por dados e experiência do cliente
A aposta em uma liderança profissional trouxe mais do que resultados financeiros. A filosofia de gestão de Cristiano mudou o foco da rede:
“Não queria apenas vender produtos, mas oferecer uma experiência. Passei a prestar consultoria aos clientes, ajudando-os a entender o que comprar e como usar. Entendi que o negócio precisava ser de educação, não só de varejo”, afirma o executivo.
O caso da Ecoville ilustra uma tendência que vem ganhando força: negócios familiares que, sem perder sua identidade, profissionalizam a gestão para se manterem competitivos e sustentáveis. A sucessão, quando feita com planejamento e abertura, pode deixar de ser um dilema e se tornar uma vantagem estratégica.