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Publicado em 17/07/2025, às 13h00 O UNICEF destaca a importância de um compromisso coletivo - Foto: Paulo Vitor Zocateli BNews Natal
O Brasil comemora uma conquista histórica: a mortalidade infantil caiu mais de 90% desde 1950. Na época, 16 a cada 100 bebês morriam antes de completar um ano. Hoje, é apenas uma. Essa vitória, celebrada neste mês com os 75 anos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no país, marca uma trajetória de avanços em saúde, educação e proteção às crianças e adolescentes brasileiros.
Para marcar a data, o UNICEF lançou nesta quarta-feira (16), no Palácio Itamaraty, em Brasília, o livro “UNICEF, 75 anos pelas Crianças e pelos Adolescentes – Uma História em Construção” e a exposição “Passos para o Amanhã”, que retratam a evolução da infância no Brasil e os próximos desafios a serem enfrentados.
Desde sua chegada, o UNICEF participou ativamente das grandes mudanças sociais do país. Esteve presente na criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, na formulação de políticas públicas, no combate à mortalidade infantil, no fortalecimento da saúde pública e na ampliação do acesso à educação básica.
De país desigual a referência em saúde infantil
Em 1950, a taxa de mortalidade infantil era de 158 por mil nascidos vivos. Essa realidade foi transformada graças à expansão da saúde pública, ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), criado com apoio do UNICEF, e a ações como o incentivo ao aleitamento materno e à merenda escolar.
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde e o Programa Saúde da Família também foram marcos na cobertura assistencial. A Pastoral da Criança, com apoio do UNICEF, levou conhecimento e soro caseiro a milhares de famílias, combatendo mortes por desidratação.
Com todas essas iniciativas, a expectativa de vida no Brasil passou de 48 anos, em 1950, para 76,4 em 2023. “O UNICEF ajudou a construir um novo país. Hoje, podemos lutar por educação, saúde, dignidade. Essa missão é coletiva”, disse a ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial.
Educação e equidade: avanços e persistências
A educação também registrou avanços. Em 1950, metade da população adulta era analfabeta. Hoje, mais de 90% está alfabetizada. O UNICEF atuou na criação da LDB, na obrigatoriedade da educação básica e no programa Busca Ativa Escolar, que resgatou milhares de alunos da evasão escolar.
Mas ainda existem obstáculos. Crianças negras, indígenas, quilombolas e de comunidades periféricas seguem mais expostas à exclusão. Desde 1999, o Selo UNICEF reconhece municípios que avançam na garantia de direitos dessas populações.
Nos grandes centros urbanos, a #AgendaCidadeUNICEF atua nas periferias com estratégias intersetoriais para reduzir violência e desigualdades. “É preciso evitar retrocessos. Os direitos da infância são uma agenda inacabada”, reforçou Youssouf Abdel-Jelil, representante do UNICEF no Brasil.
Emergências e futuro: crise climática no radar
Durante a pandemia de covid-19, o UNICEF beneficiou mais de 17 milhões de brasileiros com água potável, internet, kits de higiene e apoio psicossocial. Hoje, o foco se amplia para o enfrentamento da crise climática, que afeta diretamente 33 milhões de crianças no Brasil.
Além da pandemia, o UNICEF atuou em emergências como o fluxo migratório da Venezuela, a seca na Amazônia e as enchentes no Rio Grande do Sul. A organização destaca, porém, que a violência continua sendo a única área em que o Brasil não progrediu nas últimas décadas, sobretudo contra meninos negros.
Desafios urgentes pedem respostas imediatas
Redução da pobreza, saúde mental, emergência climática e inclusão migratória estão entre as prioridades. Com a COP30 se aproximando, o UNICEF cobra protagonismo para a infância nas agendas nacional e global.
“A luta por um futuro justo exige compromisso coletivo. O UNICEF segue junto do Brasil para garantir que nenhuma criança fique para trás”, conclui Abdel-Jelil.