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Tecnologia nacional vai substituir papanicolau em exames de rastreamento

O Ministério da Saúde destaca que a nova tecnologia possibilita rastreamento a cada cinco anos, beneficiando mulheres em áreas remotas  |  Tecnologia nacional vai substituir papanicolau em exames de rastreamento - Reprodução

Publicado em 15/08/2025, às 21h00   Tecnologia nacional vai substituir papanicolau em exames de rastreamento - Reprodução   Ari Alves

A nova tecnologia é capaz de identificar 14 genótipos do papilomavírus humano (HPV), detectando a presença do vírus no organismo antes do surgimento de lesões ou do câncer em estágios iniciais, inclusive em mulheres assintomáticas.

Além de oferecer maior sensibilidade diagnóstica, o teste diminui a necessidade de exames e intervenções desnecessárias, permitindo intervalos maiores entre as coletas quando o resultado for negativo.

O Ministério da Saúde ressalta que, por ser mais eficaz, a tecnologia possibilita ampliar os intervalos de rastreamento para até cinco anos, aumentando a eficiência e reduzindo custos. Outra vantagem destacada é o rastreamento equitativo e de alta performance, capaz de alcançar mulheres em áreas remotas ou com menor oferta de serviços de saúde.

Produzida pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a tecnologia vai substituir o exame citopatológico conhecido como papanicolau, que será realizado apenas para confirmação em casos positivos no teste molecular.

A coleta do teste de DNA é semelhante à do papanicolau e envolve a secreção do colo do útero, o que exige exame ginecológico. A diferença é que, em vez de colocar a secreção em uma lâmina, ela é depositada em um tubo com líquido conservante, enviado ao laboratório para pesquisa do DNA do vírus.

O teste será incorporado à rede pública no início de 2024, após avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), que considerou a tecnologia mais precisa do que a atualmente oferecida.

Inicialmente, a tecnologia nacional estará disponível nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e no Distrito Federal. Essas localidades contam com serviços de referência em colposcopia e biópsia, garantindo atendimento completo para mulheres com resultados alterados.

A implementação começa com um município em cada estado e será expandida gradualmente. A meta é que, até dezembro de 2026, o rastreio esteja presente em todo o território nacional, beneficiando cerca de 7 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos anualmente.

O HPV é apontado pelo ministério como a principal causa do câncer do colo do útero, terceiro tipo de câncer mais frequente em mulheres, com estimativa de 17 mil novos casos por ano entre 2023 e 2025. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) indicam 15 casos da doença para cada grupo de 100 mil mulheres no país.

O câncer do colo do útero permanece como a principal causa de morte feminina no Nordeste, com cerca de 20 óbitos diários, chegando a ser até seis vezes superior aos casos de feminicídio em alguns estados.

A testagem de HPV, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerada padrão ouro para a detecção precoce do câncer de colo do útero e faz parte das estratégias da entidade para eliminar a doença como problema de saúde pública até 2030.

Classificação Indicativa: Livre


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