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Cochilo melhora aprendizado? Estudo avalia impacto do sono na alfabetização; entenda

O projeto 'Soneca Escolar' busca avaliar se o cochilo melhora aprendizado de crianças em processo de alfabetização  |  Foto: Reprodução.

Publicado em 18/08/2025, às 11h42   Foto: Reprodução.   Sammara Bezerra

Um cochilo pode ajudar o desempenho de crianças em fase de alfabetização a aprenderem melhor. Essa é a premissa usada por pesquisadores do Instituto do Cérebro da UFRN (ICE/UFRN), que estão testando a hipótese com alunos da SESI Escola Macau, dentro do projeto “Soneca Escolar”.

Conduzida pela mestranda Flora Assaf, sob orientação do neurocientista Sidarta Ribeiro, a pesquisa é referência nos estudos sobre sono, sonhos e memória. O projeto iniciou na última terça-feira (12) e integra o Laboratório do Sonho, Sono e Memórias da instituição.

A metodologia prevê até duas horas de descanso após o almoço. A ideia é avaliar se dormir nesse intervalo ajuda os estudantes a consolidar o que aprenderam em sala. 

“Nosso objetivo é avaliar se a soneca auxilia na consolidação dessa aprendizagem”, explicou Flora.

Como funciona o teste

As avaliações são feitas com os alunos antes e depois do período de soneca. O método utiliza leitura de palavras e pseudopalavras para medir o desempenho.

“Nele, a criança lê em voz alta uma série de palavras reais e outras palavras que não existem, mas que são escritas com os sons ‘reais’ da língua. Com isso podemos ver se elas estão conseguindo decodificar aqueles grafemas de forma correta e qual a velocidade”,explicou a pesquisadora.

A técnica é aplicada pela primeira vez sem atividades complementares ligadas à leitura. Para a pesquisadora, o impacto pode ir além da alfabetização imediata.

“Acreditamos que uma eventual melhora não tem efeito apenas nas habilidades de leitura e escrita, mas em todo o processo de aprendizagem. A língua é o meio pelo qual aprendemos todos os outros conhecimentos e habilidades na escola”, destacou.

Experiência 

A iniciativa foi abraçada pela comunidade escolar e  contou com o apoio das famílias. 

“O projeto foi abraçado tanto pela escola quanto pelas famílias. O engajamento da escola foi fundamental para que a pesquisa pudesse acontecer, toda a equipe trabalhou para que chegássemos aqui. As famílias, mesmo com as mudanças na rotina que o projeto implica, têm sido parceiras”, disse Flora.

Antes de começar, os pais e responsáveis participaram de reuniões sobre a importância do sono e receberam kits com colchonete e travesseiro personalizados.

A coleta inicial será seguida de novas rodadas de testes para comparar os resultados. Caso haja avanços consistentes, o projeto pode ser ampliado para outras escolas.

“Nosso objetivo é sim levar a soneca escolar para o máximo de escolas possível – eventualmente. Nesse momento estamos trabalhando com um determinado número de escolas para primeiro encontrar qual é o melhor protocolo, para depois escalar a quantidade de escolas e alunos”, explica Flora.

Classificação Indicativa: Livre


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