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O peso do amanhã: por que quase 500 milhões de jovens estarão acima do peso até 2030

Apenas 2,4% dos recursos globais são destinados à saúde dos adolescentes, destacando a necessidade de políticas públicas eficazes  |  O peso do amanhã: por que quase 500 milhões de jovens estarão acima do peso até 2030 - Reprodução

Publicado em 21/05/2025, às 20h17   O peso do amanhã: por que quase 500 milhões de jovens estarão acima do peso até 2030 - Reprodução   Redação

Até 2030, ao menos 464 milhões de jovens — quase meio bilhão — estarão com sobrepeso ou obesidade em todo o mundo. A projeção é de um novo relatório internacional publicado nesta terça-feira (20) pela Comissão sobre Saúde e Bem-Estar de Adolescentes da revista The Lancet.

O estudo analisou dados de jovens entre 10 e 24 anos, abrangendo mais de 180 países. Ao comparar as tendências atuais com os dados de 2015, os pesquisadores projetam um aumento de 143 milhões de casos em apenas 15 anos. Esse crescimento é considerado um “ponto crítico” para a saúde dessa faixa etária.

Situação por regiões

Na América Latina e Caribe, Norte da África e Oriente Médio, mais de um terço dos jovens entre 10 e 24 anos já convivem com excesso de peso, o que torna essas regiões motivo de atenção especial.

No Brasil, o Atlas Mundial da Saúde revelou que, em 2020, 15,58 milhões de pessoas de 5 a 19 anos apresentavam excesso de peso. Diante desse cenário, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou recentemente uma nova norma que reduz de 16 para 14 anos a idade mínima para a realização de cirurgia bariátrica, como resposta à crescente demanda por tratamentos de redução de peso.

Perspectivas preocupantes

O relatório também faz um alerta para o futuro: se nenhuma ação for tomada, cerca de 1,9 bilhão de adolescentes poderão ser afetados pelos impactos do aquecimento global até 2100. Isso inclui o aumento de doenças associadas ao calor extremo, insegurança alimentar e escassez de água. Além disso, a saúde mental dessa população tende a se deteriorar, com os casos de depressão, ansiedade e outros transtornos saltando de 40 para 42 milhões até o fim da década — dois milhões a mais que em 2015.

Mesmo diante desse panorama preocupante, o investimento internacional voltado à saúde dos adolescentes continua extremamente baixo. Entre 2016 e 2021, apenas 2,4% dos recursos globais de assistência ao desenvolvimento foram destinados a essa faixa etária, que representa 25,2% da população mundial.

Diante desses dados, os autores do relatório reforçam a urgência de políticas públicas voltadas à prevenção, ao diagnóstico precoce e ao acesso a tratamentos eficazes. O documento conclui com um apelo aos governos e autoridades globais para que a saúde dos adolescentes se torne prioridade. Entre as medidas sugeridas estão campanhas de conscientização, investimentos em infraestrutura escolar saudável, combate ao mosquito Aedes aegypti (transmissor da dengue), fortalecimento dos serviços de saúde mental e ações para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

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