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Publicado em 27/06/2025, às 16h20 A The Donkey Sanctuary faz um alerta sobre esse número, relatando que a quantidade de abates pode ser ainda maior - Getty Images Redação
Dados apontarm que jumento brasileiro, animal muito presente no Nordeste e símbolo da história rural do Brasil, está correndo alto risco de extinção. Um levantamento feito neste ano mostra que apenas 78 mil animais ainda existem no território nacional. O número representa um declínio de 94% em relação à década de 1990, quando o rebanho somava 1,3 milhão.
Os dados são de um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em parceria com o IBGE e o Agrostat, sistema do Ministério da Agricultura.
Essa temática é o foco principal do 3º Workshop Internacional - Jumentos no Brasil: Um Futuro Sustentável. A atividade está sendo realizada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e acontece até este sábado (28).
Peles para a medicina chinesa
De acordo com a ONG britânica The Donkey Sanctuary, que realiza pesquisas sobre a diminuição da população dos jumentos no Brasil, a principal causa para o fato está ligada ao comércio internacional da pele do animal.
Essa demanda é oriunda da indústria da China relacionada à medicina tropical do país, que usa o colágeno da carcaça do animal para produzir ejiao, que é um produto utilizado para fins de rejuvenescimento, além de ser afrodisíaco.
Abates do animal
Entre os anos de 2018 e 2024, aproximadamente 248 mil jumentos foram abatidos no estado da Bahia, que é o único em todo o Brasil onde existem frigoríficos com licença para praticar tal conduta, de acordo com informações do Ministério da Agricultura.
A The Donkey Sanctuary faz um alerta sobre esse número, relatando que a quantidade de abates pode ser ainda maior, levando em consieração que muitos animais são transportados clandestinamente e submetidos a maus-tratos.
Alternativas
Um relatório denominado “Jumentos Roubados, Futuros Roubados”, apresentado pela The Donkey Sanctuary no evento realizado na UFAL, demonstra que já existem alternativas à extração cruel do colágeno, como a agricultura celular. Esse procedimento pode produzir o mesmo insumo sem sacrificar os animais.
Além das questões ambientais e de bem-estar animal, o estudo denuncia impactos sociais e econômicos em países africanos afetados pelo comércio internacional de peles.
Propostas de lei
Dois projetos de lei propõem proibir o abate e a exportação de jumentos no Brasil:
PL 2.387/2022, do deputado federal Ney Leprevost (União-PR), já aprovado na CCJ e aguardando votação no plenário da Câmara dos Deputados.
PL 24.465/2022, do deputado estadual José de Arimatéia (Republicanos-BA), em tramitação na Assembleia Legislativa da Bahia.