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Publicado em 15/07/2025, às 13h26 Reprodução/Freepik BNews Natal
Para muita gente, o recesso do trabalho deveria ser sinônimo de descanso e lazer, mas a realidade é outra. As férias podem se tornar um período de ansiedade intensa, marcada por cobranças internas, culpa por descansar e até frustração com o tempo livre. O fenômeno, cada vez mais comum, tem explicações na Psicologia e alerta para uma relação distorcida entre produtividade e bem-estar.
Segundo a psicóloga Astrid Sharon, mestre em Psicologia e coordenadora do curso da Estácio, a ansiedade pode surgir justamente na quebra da rotina. “Embora exaustiva, a rotina oferece uma estrutura previsível que regula comportamento e emoções. Quando essa previsibilidade é suspensa, como nas férias, algumas pessoas sentem perda de controle, o que pode desencadear sintomas ansiosos”, explica.
A especialista destaca ainda que a culpa por descansar está diretamente ligada a valores sociais que associam lazer à preguiça. “Vivemos em uma cultura de desempenho, em que o valor pessoal está atrelado à produtividade. Quando isso se combina com autocobrança excessiva, abre-se espaço para transtornos como ansiedade e depressão”, alerta.
Cobrança por ‘aproveitar bem’ também atrapalha
Astrid aponta que o descanso muitas vezes vira alvo de críticas internas: a pessoa sente que deveria estar mais feliz, mais ativa, mais produtiva — mesmo em férias. “Essa pressão autoimposta cria um paradoxo: a expectativa de relaxar se torna fonte de frustração”, comenta.
Para viver o período de pausa com mais leveza, a psicóloga sugere estratégias práticas:
Essas atitudes ajudam a transformar o tempo livre em uma oportunidade real de cuidado, e não em mais uma obrigação a ser cumprida.
Quando a ansiedade nas férias vira sinal de alerta
Nem sempre os desconfortos emocionais são passageiros. Astrid destaca que alguns sintomas indicam a necessidade de ajuda profissional. Entre eles estão taquicardia, insônia, sudorese, tensão muscular, pensamentos intrusivos, sensação de ameaça constante e evitação de situações de lazer ou contato social.
“Se esses sinais persistirem por semanas e começarem a comprometer a vida pessoal, social ou profissional, é fundamental procurar um psicólogo ou outro profissional de saúde mental”, orienta a especialista.
Porque, ao contrário do que muitos pensam, não é preguiça; é saúde mental.