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Publicado em 27/06/2025, às 17h17 Geólogos comparam pulsos do manto a batimentos cardíacos - Dr. Derek Keir, Universidade de Southampton/Universidade de Florença Redação
Geólogos ingleses identificaram pulsos rítmicos de material quente subindo do manto terrestre sob a região de Afar, no nordeste da Etiópia. O fenômeno, comparado aos batimentos de um coração, foi descrito em um estudo publicado nesta quarta-feira (25) no periódico Nature Geoscience.
A equipe analisou 130 amostras de rochas vulcânicas com menos de 2,6 milhões de anos e constatou que a chamada pluma de Afar pulsa de forma cíclica, alterando sua composição química ao longo do tempo. “Descobrimos que o manto abaixo de Afar não é uniforme ou estacionário – ele pulsa, carregando assinaturas químicas distintas”, explicou Emma Watts, da Universidade de Swansea.
Ao contrário de outras plumas que surgem sob o oceano, a de Afar atravessa a crosta continental, contribuindo para a abertura de fendas tectônicas que estão lentamente dividindo o continente africano e podem formar um novo oceano. Segundo Tom Gernon, professor na Universidade de Southampton, os pulsos se comportam de maneira diferente dependendo da espessura da placa e da velocidade com que ela se separa.
Pulsos parecidos já foram observados em regiões como as Ilhas Canárias. Os pesquisadores agora querem medir a velocidade desses fluxos e avaliar seus impactos na superfície. “Essa evolução das ressurgências do manto está intimamente ligada ao movimento das placas acima. Isso tem implicações profundas na forma como interpretamos o vulcanismo, a atividade sísmica e a ruptura continental”, concluiu o geólogo Derek Keir, também da Universidade de Southampton.