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Publicado em 26/08/2025, às 21h30 Brasil e França reforçam parceria científica em prol da Amazônia - Reprodução Ari Alves
O enfrentamento às mudanças climáticas fortaleceu a colaboração entre Brasil e França, motivando esforços conjuntos em prol da Amazônia. Pesquisadores de ambos os países se reuniram em Belém, no Pará, para dar início a mais uma temporada de projetos que unem ciência, cultura e política para pensar o futuro do planeta.
O Seminário Conexões Amazônicas – Pesquisas Colaborativas entre Brasil e França inaugurou nesta terça-feira (26) as atividades científicas da Temporada Brasil-França 2025. O evento segue até o dia 29, no Museu Emílio Goeldi, em Belém, integrando a agenda bilateral que ocorre anualmente em duas temporadas, uma em cada país.
A representante da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, destaca que a Temporada França-Brasil 2025 foca na cooperação científica, que possui laços históricos fortes ao longo dos séculos, reforçados pelo contexto ambiental e pela realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).
O momento é crítico, segundo Jacquel, já que a Amazônia se aproxima de um ponto de não retorno devido às mudanças climáticas, uma preocupação compartilhada por governos e pesquisadores brasileiros e franceses. Ela ressalta a importância de estruturar ainda mais o compartilhamento de conhecimento e a interdisciplinaridade das pesquisas.
Relação bilateral
Criada em 2023, a temporada representa um novo impulso na relação bilateral, que celebra 200 anos. Desse esforço também surgiu o Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica (CFBBA), inaugurado em novembro de 2024 na Guiana Francesa, aproximando ainda mais o trabalho de cientistas de ambos os países.
Nadège Mézié, assessora internacional do CFBBA, afirma que universidades da Amazônia brasileira e da Guiana Francesa enfrentam enormes desafios sociais e ambientais, mas possuem capacidade de desenvolver soluções para futuros compartilhados.
Durante três dias, comunidades científicas do Brasil e da França apresentarão avanços em pesquisas sobre sociobiodiversidade, meio ambiente e mudanças climáticas, visando construir soluções e novas perspectivas a serem levadas aos tomadores de decisão na COP30. “Vamos contar com antropólogos, arqueólogos, cientistas da saúde, da biodiversidade e meteorologistas capazes de encontrar soluções concretas em conjunto”, afirma Jacquel.
Construção de conhecimento
O primeiro dia é dedicado a jovens pesquisadores, que compartilham seus estudos com cientistas experientes, promovendo um esforço coletivo na construção de conhecimento. Sophie Jacquel destaca que são esses jovens que farão a ciência de amanhã, trazendo ideias disruptivas e soluções inovadoras, especialmente os que trabalham pela Amazônia.
O documento final do seminário será um registro vivo de inovações e soluções ambientais, percorrendo os próximos eventos científicos até a conferência climática. “A ciência deve servir de base para decisões de governos, tomadores de decisão e construtores de políticas públicas”, reforça Jacquel.
Programação
O seminário está estruturado em três eixos: clima e transição ecológica, diversidade das sociedades e democracia e globalização equitativa. Participam pesquisadores como Stéphan Rostein, Laure Emperaire, Pascale de Robert, a ex-ministra da Justiça da Holanda Christiane Taubira, Bepunu Kayapó, Lúcia Hussak van Velthem e Loudes Furtado.
O evento é promovido pela Embaixada da França no Brasil, Museu Emílio Goeldi, CFBBA e Associação Comercial do Pará.