Geral
Publicado em 24/05/2025, às 19h11 Reprodução: Freepik Leonardo Pereira
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 60 milhões de pessoas vivem com demência em todo o mundo. A condição ainda é responsável pela morte de 1,5 milhão de indivíduos por ano. A doença ainda não possui cura até o momento.
Estima-se que até 45% dos casos de demência poderiam ser evitados reduzindo a exposição a 14 fatores de risco modificáveis comuns, como a obesidade, ausência de atividades físicas e tabagismo, por exemplo, e são tradicionalmente estudados a partir dos 40 anos de idade.
Em artigo publicado no portal The Conversation, pesquisadores afirmam que muitos fatores de risco de demência estão diretamente relacionados ao estilo de vida e surgem ainda durante a adolescência e permanecem na idade adulta.
Por exemplo, 80% dos adolescentes que vivem com obesidade devem permanecer assim quando forem adultos. O mesmo se aplica à pressão alta e ao sedentarismo. Da mesma forma, praticamente todos os adultos que fumam ou bebem terão iniciado esses hábitos prejudiciais à saúde na adolescência.
Os pesquisadores observam que há evidências crescentes de que muitas das diferenças na estrutura e função cerebral associadas à demência em adultos mais velhos podem ter existido, pelo menos parcialmente, desde a infância. Ou seja, os prejuízos nas habilidades cognitivas podem ser identificados ainda quando crianças.
8,5% dos idosos no Brasil sofrem com demência.
8,5% dos idosos no Brasil sofrem com demência
A população idosa é a principal atingida pela doença e segundo o Relatório Nacional sobre a Demência, 8,5% dos idosos brasileiros são acometidos pela doença, representando um número aproximado de 2,71 milhões de casos.
O estudo inédito no país, foi divulgado pelo Ministério da Saúde em 2024 e traz projeções futuras, dados epidemiológicos, risco, subdiagnóstico e estigma dessa condição. Até 2050, a projeção é que 5,6 milhões de pessoas sejam diagnosticadas com demência no Brasil.
Fatores de risco
No Brasil, 48% dos casos de demência são atribuíveis aos 12 fatores de risco modificáveis. Por isso, a promoção da saúde ao longo da vida é essencial no trabalho de prevenção.
Veja os principais fatores de risco modificáveis:
Mortalidade
No Brasil, até o momento, existe apenas um estudo populacional sobre a mortalidade relacionada à demência. Em 2019, a demência foi a quarta causa de morte nos brasileiros acima de 70 anos, e a demência por doença de Alzheimer foi a principal causa (78,3%) de óbito relacionada à demência no Brasil, de acordo com o estudo Carga Global de Doenças (Global Burden of Disease – GBD).
Entre 2010 e 2021, os óbitos relacionados à demência apresentaram crescimento. Entre os brasileiros com mais de 60 anos, as maiores taxas de mortalidade por demência foram registradas para as mulheres. Estima-se que ocorreram 456.368 mortes relacionadas à demência nas pessoas na faixa etária dos 55 anos ou mais entre o período 2010 a 2019.
A Região Sudeste destacou-se com a maior taxa de mortalidade relacionada à demência, enquanto a Região Norte registrou o menor índice. A Unidade da Federação com a maior taxa de mortalidade foi o Distrito Federal com 257,7 óbitos por cada 100 mil habitantes, já a menor taxa, foi registrada no estado do Acre com 51,3 óbitos para cada 100 mil habitantes.
Estigma e tratamento
Outro fator importante é o estigma associado à doença, impactando diretamente e negativamente na busca pelo diagnóstico e tratamento, na qualidade de vida das pessoas com demência e seus cuidadores, e na integração social daqueles que vivem nessa condição. Esse aspecto reforça a necessidade da conscientização pública sobre a doença, a implementação de políticas públicas e o fortalecimento no apoio aos cuidadores e familiares.
Na demência, o estigma acontece quando visões negativas a respeito das manifestações clínicas como a perda de memória, mudanças de comportamento, dependência para atividades de vida diária são associadas às pessoas que vivem com o transtorno.
Um exemplo comum disso é a associação de que pessoas com demência passam a ser vistas como sendo de menor valor que as demais, perdendo credibilidade e, o “auto estigma” que é consiste nos idosos com demência passam a concordar e/ou aceitar atitudes estigmatizantes ou discriminatórias como sendo naturais e válidas, desenvolvendo, assim, autopercepções negativas e sentimentos de vergonha de si mesmo.
O tratamento da doença impacta significativamente na saúde pública. Atualmente, 70% dos idosos no Brasil dependem exclusivamente do SUS. De acordo com o Renade, o custo médio mensal – direto e indireto – por pessoa com demência aumenta de acordo com a progressão da condição. No total, o investimento da saúde pública representa 91% no estágio inicial, 92% no moderado e 84% no avançado. Além disso, 73% dos custos envolvem os familiares dos pacientes.