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Publicado em 08/10/2025, às 07h25 Especialistas recomendam cuidados ao consumir bebidas, como verificar lacres e evitar preços muito baixos para prevenir intoxicações. - Divulgação Dani Oliveira
A tragédia provocada por bebidas “batizadas” com metanol em São Paulo acendeu um alerta em todo o país.
Até o momento, o governo estadual confirma 15 casos de intoxicação — com duas mortes — e 164 investigações em andamento, número que representa mais de 80% das ocorrências registradas em todo o Brasil.
O metanol, substância altamente tóxica usada na indústria química, foi encontrado em amostras recolhidas em duas distribuidoras do estado, segundo perícia da Superintendência de Polícia Técnico-Científica.
Duas hipóteses: descuido ou falsificação deliberada
As investigações seguem duas linhas principais. A primeira indica que o metanol pode ter sido usado na higienização de garrafas reaproveitadas, que deveriam ter sido destinadas à reciclagem.
Existem regras de logística reversa que não estão sendo cumpridas. Muitas dessas garrafas acabam em mercados clandestinos e viram instrumentos de falsificação”, declarou o governador Tarcísio de Freitas.
A segunda hipótese é que o metanol tenha sido misturado intencionalmente para aumentar o volume de bebidas falsificadas.
Em alguns casos, os falsificadores podem ter acreditado estar adicionando etanol puro — sem saber que o produto estava contaminado.
Mais de 7 mil garrafas recolhidas
O governo paulista intensificou a fiscalização e recolheu mais de 7 mil garrafas suspeitas de adulteração apenas na última semana.
O governador Tarcísio de Freitas afirmou que pedirá à Justiça a destruição de garrafas, tampas, rótulos e selos apreendidos.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, descartou a participação de facções criminosas, como o PCC, no esquema. Segundo ele, “o negócio é pouco lucrativo se comparado ao tráfico de drogas”.
Por que o metanol é tão perigoso
O metanol é um álcool industrial usado em solventes, combustíveis e produtos de limpeza. Quando ingerido, ele é metabolizado pelo fígado em substâncias altamente tóxicas, que podem causar cegueira, coma e até morte.
Além de afetar o sistema nervoso central e o nervo óptico, o metanol pode levar à insuficiência pulmonar e renal.
O risco aumenta porque não tem cheiro, cor ou sabor diferentes do álcool comum, sendo praticamente impossível de identificar sem análise laboratorial.
Quais bebidas estão sendo adulteradas
Os casos confirmados envolvem destilados, como vodca e gin, principalmente os de aparência incolor. Especialistas alertam que, por enquanto, nenhuma bebida é totalmente segura se não for adquirida de fonte confiável.
Já cervejas, vinhos e chopes apresentam menor vulnerabilidade, sobretudo quando vendidos em latas ou garrafas lacradas de fábrica, que são mais difíceis de adulterar.
Como se proteger de bebidas adulteradas
Autoridades e entidades, como a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes),recomendam medidas simples, mas fundamentais para reduzir o risco:
→ Desconfie de preços muito baixos.
→ Compre apenas em locais conhecidos e fiscalizados.
→ Verifique o lacre, selo fiscal e qualidade do rótulo.
→ Inutilize garrafas vazias para evitar que sejam reutilizadas por falsificadores.
Em caso de sintomas como visão turva, tontura, náusea ou confusão mental após o consumo de bebidas alcoólicas, a orientação é procurar atendimento médico imediato e informar a origem da bebida para auxiliar nas investigações.