Cidades
Publicado em 22/04/2025, às 12h45 Pico do Cabugi é um extinto vulcão que fica no município de Lajes, na região central do RN - Ney Douglas - 30.abr.2018/EFE Redação
Questões polêmicas, que já se arrastam há anos e que contrariam quase tudo o que aprendemos nos livros de história sobre o descobrimento do Brasil. Afinal, quando os portugueses chegaram em terras tupiniquins, onde primeiro eles desembarcaram? Foi em Porto Seguro, na Bahia, ou em Touros, no Rio Grande do Norte? Se a segunda opção foi a correta, então o verdadeiro Monte Pascoal é o Pico do Cabugi?
Sim, o Brasil foi descoberto a partir de Touros, no litoral norte potiguar. O Marco de Touros está aí para provar. E sim, o monte mais alto do território potiguar, visível até mesmo do mar, é o Pico do Cabugi, um extinto vulcão que fica no município de Lajes, na região central do estado. Pelo menos estas são as respostas defendidas pelo professor, escritor e historiador Lenine Pinto, que morreu de pneumonia em 2019, aos 89 anos. Como legado, o mestre deixou três obras defendendo a tese: “A Reinvenção do Descobrimento” (1998), “Ainda a questão do Descobrimento” (2000), e “O Mando do Mar” (2015), todos publicados pelo Sebo Vermelho.
A polêmica também já foi pauta na imprensa nacional. Em janeiro de 2017, o portal de notícias Panrotas, referência no setor de turismo, publicou a matéria: “Rio Grande do Norte diz que Brasil foi descoberto lá; saiba”. Em abril daquele mesmo ano, O Globo publicou a seguinte reportagem: “União para provar que Cabral chegou primeiro ao Rio Grande do Norte”. Já em outubro de 2019, poucos meses após a morte de Lenine, o jornal Estado de Minas trouxe em sua editoria de Turismo: “Esqueça Porto Seguro, foi em Touros que o Brasil foi descoberto”. Curiosa também a reportagem da agência de notícias Cidades, do estado de Goiás, com o título “Muito prazer: Pico do Cabugi! Mas pode me chamar de Monte Pascoal...”. A mais recente publicação sobre a questão foi feita pelo Uol, no dia 10 deste mês, com a matéria “Não foi na Bahia? Vulcão extinto pode ser local de 'descoberta' do Brasil”.
Evidências
1 - A primeira é pelas correntes marítimas que direcionariam as caravelas naturalmente ao RN. Há uma dificuldade imensa para se chegar da Europa à Bahia e, em contraponto, facilidade para o RN. Há navegadores, sem exagero, que vão até Dakar (na África) para se aproximar do Brasil, tamanha a força das correntes.
2 - A segunda evidência apontada é o monte avistado pelos portugueses ser o Pico do Cabugi, na região central do RN. Pescadores nativos até hoje tomam o Pico como referência para voltar à terra. Enquanto o Monte Pascal, na Bahia, sequer é um “monte”, mas uma torre, cortada e sem “pico”.
3 - A presença de “aguada” no litoral, conforme consta na carta do descobrimento. Aguada seria água doce, presente nas proximidades do Marco de Touros e inexistente em Porto Seguro, na Bahia.
4 - A penúltima evidência seria o Marco de Touros, diferente do fincado na Bahia. O daqui é esculpido com símbolos e brasões semelhantes ao marco chantado no município de Cananéia, em São Paulo, que seria o segundo marco português no Brasil.
5 - Por último, consta no mapa português que eles navegaram 2.000 léguas ao Sul do país para fincar o segundo marco. Essa distância corresponde exatamente ao percurso do Estado potiguar a São Paulo. Caso partisse da Bahia, o segundo marco estaria fincado na Argentina.