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Publicado em 26/09/2025, às 11h39 A Avenida Engenheiro Roberto Freire enfrenta problemas de manutenção e gestão, impactando o transporte coletivo e o turismo em Natal. - Divulgação Dani Oliveira
A Avenida Engenheiro Roberto Freire, um dos principais eixos turísticos de Natal, enfrenta um cenário de descaso e desarticulação na gestão de suas faixas exclusivas de ônibus.
Criadas em outubro de 2020 para agilizar o transporte coletivo, as vias hoje sofrem com falta de manutenção, disputas de competência entre órgãos públicos e ausência de ações integradas, prejudicando diariamente milhares de passageiros e afetando a imagem turística da capital potiguar.
A descontinuidade na manutenção e a indefinição de competências entre os órgãos públicos enfraquecem essa política urbana, prejudicando diretamente milhares de passageiros e afetando também a imagem turística da cidade”, afirma Augusto Costa Maranhão Valle, coordenador jurídico do SETURN (Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município de Natal).
Divisão de responsabilidades trava avanços
Natal possui 50,23 km de faixas exclusivas, mas a gestão é fragmentada. A STTU administra 40,96 km, enquanto os 9,27 km restantes – incluindo a Roberto Freire e a Ponte Newton Navarro – ficam sob responsabilidade do DER-RN e do Dnit. Essa divisão gera dificuldades na sinalização e manutenção, já que não há integração entre os órgãos.
Enquanto o DER-RN se limita a obras de pavimentação e tapa-buracos, o Dnit alega que sua atuação se restringe a rodovias federais. A fiscalização, por sua vez, é atribuída ao CPRE.
A STTU já manifestou interesse em assumir a gestão da Roberto Freire, argumentando que a municipalização permitiria respostas mais rápidas às demandas locais.
Impactos para passageiros e turismo
O impasse compromete o transporte público em uma das avenidas mais movimentadas de Natal. Estudos da STTU apontam que as faixas exclusivas poderiam reduzir em até 15 minutos o tempo de viagem de cerca de 35 linhas de ônibus.
Além disso, a ausência de integração entre turismo, economia e mobilidade ameaça a competitividade da cidade como destino sustentável.
Ao investir em faixas exclusivas, Natal dá um passo firme para reduzir desigualdades e garantir mais qualidade de vida à população”, defende Augusto Maranhão Valle.
Planos de expansão e novos investimentos
Apesar do cenário de incertezas, o CMTMU discute a ampliação do sistema para outras áreas da cidade.
Projetos em análise incluem trechos na BR-101 (Via Direta até a Igreja Universal) e na Avenida Nevaldo Rocha, com custo estimado em R$ 24,6 milhões.
A secretária da STTU, Jódia Melo, reforça a importância da política: “As faixas exclusivas evitam congestionamentos, reduzem sinistros e tornam o tráfego mais ágil”.
Faixas exclusivas como política urbana
Mais do que pintura no asfalto, as faixas de ônibus são instrumentos previstos no Plano Diretor de Natal, no Estatuto da Cidade e na Política Nacional de Mobilidade Urbana.
Quando bem planejadas, reduzem custos públicos com subsídios tarifários, aumentam a confiabilidade do transporte coletivo e ajudam a construir uma cidade mais sustentável.