Cidades
Publicado em 28/08/2025, às 09h45 Após tentativa de feminicídio, Juliana Soares discute o perfil do abusador e suas táticas manipulativas em entrevista ao vivo. - Divulgação Dani Oliveira
Após um mês da tentativa de feminicídio sofrida por Juliana Soares, com 61 socos desferidos em seu rosto e cabeça, dentro de um elevador, na zona sul de Natal, pelo então namorado, o ex-atleta Igor Cabral, a vítima concede entrevista ao vivo, nesta quinta (28), no programa Encontro, veiculado pela TV Globo, em rede nacional, com apresentação de Patrícia Poeta.
A entrevistadora relembrou o caso que chocou e sensibilizou o Brasil inteiro, e trouxe depoimentos importantes de Juliana sobre o tipo de agressão que ela já vinha sofrendo no relacionamento de quase dois anos com Igor Cabral.
No abuso não tem só momentos ruins, tem também os momentos bons justamente para envolver e fazer você ficar. Isso é chamado de 'língua de mel'; quando o companheiro utiliza a lábia para encantar", explicou emocionada a vítima.
Durante a entrevista Juliana chegou a corrigir a apresentadora Patrícia Poeta que chamou o crime de agressão. "Eu preciso fazer uma correção, o que aconteceu comigo não foi uma agressão, foi uma tentativa de feminicídio, já que antes de começar a me bater ele disse claramente que ira me matar".
No final da entrevista a apresentadora mostrou um quadro feito com inúmeras mensagens escritas pela produção do programa, com frases motivadoras. Patrícia disse que o presente seria enviado para Juliana, que continua morando na capital potiguar.
Lei Juliana Soares
A Câmara Municipal de Natal aprovou a Lei Juliana Soares, que leva o nome da mulher vítima de tentativa de feminicídio em um elevador na capital potiguar. A lei aprovada nesta terça-feira (26) propõe a obrigatoriedade de câmeras de videomonitoramento nas áreas comuns de condomínios com 10 ou mais unidades habitacionais.
Segundo o texto, a medida tem como objetivo principal prevenir a violência doméstica e de gênero.
O que propõe o projeto
O projeto de lei 511/2025 foi aprovado por unanimidade com o voto dos 24 vereadores presentes. No texto do PL, câmeras devem ser instaladas em locais como elevadores, corredores, halls, portarias e áreas comuns como academias e salões de festas.
As imagens devem ser armazenadas por no mínimo 30 dias e fornecidas às autoridades em caso de requisição, como no ocorrido com Juliana Soares.
A autoria do texto é da vereadora Samanda Alves (PT), que lembrou que a aprovação do projeto se deu exatamente um mês após o caso de agressão registrado no bairro de Ponta Negra, Zona Sul de Natal.
Relembre o caso que repercutiu nacionalmente
Juliana Soares, de 35 anos, foi espancada butalmente pelo ex-namorado, Igor Cabral, na tarde do dia 26 de julho, após uma discussão no elevador do condomínio onde ela morava, na Zona Sul de Natal.
As imagens da câmera do elevador registraram o momento em que ela leva 61 socos no rosto. A violência durou menos de um minuto, mas foi o suficiente para deixar a vítima desfigurada.
Ao ver as imagens, o porteiro do prédio acionou a Polícia Militar. Quando o elevador chegou ao térreo, o agressor foi contido pelos moradores até a chegada dos policiais; ele segue preso.
Juliana, que foi levada para o Hospital Walfredo Gurgel, sofreu fraturas no rosto, deslocamento da mandíbula e perda parcial da visão.