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Publicado em 12/07/2025, às 14h49 A 'farra dos descontos indevidos' no INSS investiga cobranças não autorizadas que afetam milhares de aposentados e pensionistas - Reprodução Gabi Fernandes
O ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz (PDT), revelou que a empresa de crédito Crefisa está sendo alvo de uma auditoria interna da pasta. A investigação busca apurar reclamações envolvendo a concessão de empréstimos consignados a aposentados e pensionistas.
A declaração foi feita durante uma sabatina na 20ª edição do Congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), onde o ministro respondeu a perguntas dos jornalistas.
De acordo com Queiroz, a auditoria foi iniciada após a Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP) encaminhar um ofício ao Ministério da Previdência, INSS, Dataprev, CGU, Banco Central e Febraban, pedindo esclarecimentos sobre denúncias contra a Crefisa. Entre os principais relatos estão empréstimos não solicitados, falta de transparência nos contratos e possíveis violações contratuais.
“Recebemos a OAB no ministério e encaminhamos a reclamação diretamente para o setor de inteligência, que está trabalhando junto com a força-tarefa previdenciária. Pedi um pente-fino completo”, afirmou o ministro.
A Crefisa passou a operar em janeiro de 2025 após vencer 25 dos 26 lotes em um leilão realizado pelo INSS para pagamento de benefícios previdenciários. No entanto, pouco tempo depois, passou a ser alvo de reclamações semelhantes às que envolvem associações investigadas na Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura a "farra dos descontos indevidos" aplicados sobre aposentadorias.
Segundo Queiroz, a auditoria não se limita à Crefisa. O ministério estaria conduzindo uma “varredura no crédito consignado como um todo”, com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal (PF).
Apesar das semelhanças nas denúncias, o ministro fez uma distinção entre associações de fachada, responsáveis por fraudes diretas, e os correspondentes bancários ligados a bancos, conhecidos como “pastinhas”. Estes últimos são regulados e fiscalizados pelo Banco Central.
Estima-se que cerca de 320 mil correspondentes bancários atuem no Brasil hoje.
Fraude no INSS
A chamada "farra dos descontos indevidos" no INSS envolve milhares de aposentados e pensionistas que relataram cobranças não autorizadas diretamente em seus benefícios. A investigação, conduzida pela Polícia Federal, CGU e o próprio Ministério da Previdência, apura a atuação de associações de fachada e empresas de crédito consignado que acessavam a folha de pagamento do INSS por meio de convênios e acordos técnicos.
Essas entidades ofereciam supostos serviços e descontos, muitas vezes sem o consentimento dos beneficiários, comprometendo valores significativos dos repasses mensais. A Operação Sem Desconto, da PF, foi deflagrada para desmontar o esquema, que pode ter movimentado bilhões de reais desde 2019.