Cidades
Publicado em 06/07/2025, às 10h30 Cerca de 9% da população do RN é composta por moradores de outros estados, com a Paraíba sendo a maior fonte de migrantes. - Divulgação Dani Oliveira
O número de estrangeiros que escolheram o Rio Grande do Norte como novo lar quase triplicou em pouco mais de uma década. Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a população de imigrantes residentes no Estado passou de 1.753 pessoas em 2010 para 4.472 em 2022. Para a demografia, o movimente reflete não apenas mudanças nas rotas migratórias globais, mas também o papel que o RN tem desempenhado como destino de novos fluxos populacionais.
A origem desses imigrantes também mudou. Em 2000, os “estrangeiros potiguares” vinham principalmente de Angola, França e Estados Unidos. Enquanto em 2010 os principais grupos eram compostos por italianos, portugueses e espanhóis, no último censo os argentinos assumiram a liderança, seguidos pelos estadunidenses e venezuelanos. O Rio Grande do Norte passou a atrair perfis diversos de imigrantes, tanto aqueles que se encantam com o estilo de vida local quanto os que buscam refúgio de crises humanitárias.
Crises provocam novos fluxos
Há quem venha ao Rio Grande do Norte por motivos muito distintos. Edgar González, venezuelano de 29 anos, chegou ao RN em 2018 com a família para fugir de uma crise. “Nós viemos de lá da Venezuela em 2018, atravessamos até outro país. Nosso país é muito difícil para todos. Nossa aldeia, nossa comunidade é diferente. Já estava acabando escola, trabalho. Não conseguia receber Bolsa Família, como aqui. O governo nos deixava assim, como se estivesse abandonando a nossa comunidade. Por causa dessa situação nos mudamos de lá”.
Crise humanitária
A chegada de González ao RN é reflexo da crise humanitária na Venezuela, um dos principais fatores de deslocamento da população. A escassez de alimentos e medicamentos levou 7,7 milhões de venezuelanos a buscarem refúgio em outros países, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). González é um indígena, pescador, pertencente aos Warao – conhecido como o “Povo da Canoa” pela vocação pesqueira. Tradicionalmente, vivem em comunidades fluviais na região do delta do rio Orinoco e têm na pesca, no artesanato e na coleta de frutos a base de subsistência, além de organização comunitária própria e forte ligação com a natureza.
RN tem 9% de moradores de outros estados
Outro dado do levantamento do IBGE revela que cerca de 9% da população residente no Rio Grande do Norte nasceu em outros estados. O estudo aponta que 297.696 pessoas que vivem no RN vieram de outras partes do Brasil, número que representa um leve aumento em relação ao último censo, quando 8,6% da população potiguar era nascida em outras localidades do País. A maior parte dos migrantes internos vem da Paraíba, que responde por quase 96 mil residentes, seguida pelo Ceará, com 41 mil; e São Paulo, com 37 mil.
Os dados do IBGE mostram também que o RN manteve saldo migratório estável, com uma saída de 4.633 no período. O saldo negativo é resultado da operação entre a chegada de pessoas ao RN (61.447) e a saída (66.080) entre os anos de 2017 e 2022. O demógrafo Ricardo Ojima explica que esse resultado tem pouco impacto no tamanho total da população do Estado, estimada em 3,3 milhões de habitantes.
NÚMEROS
Migração internacional no RN
2000: 1.578 pessoas
2010: 2.824 pessoas
2022: 4.472 pessoas (2.770 homens e 1.702 mulheres).
Principais países de origem
2022
Argentina
Estados Unidos
Venezuela
2010
Itália
Portugal
Espanha
2000
Angola
França
EUA
Migração interna no RN
2022: 9,03% da população nasceu em outros estados (297.696);
2010: 8,61% (272.643);
2000: 8,36% (232.001);
1991: 8,36% (201.752).
Principais estados de origem (2022):
Paraíba – 95.985
Ceará – 41.001
São Paulo – 37.398
Pernambuco – 33.415
Rio de Janeiro – 27.964
Bahia – 9.131
Minas Gerais – 7.023
Distrito Federal – 6.042
Pará – 4.791
Goiás – 4.265
Fonte: IBGE/Censo 2022
Reportagem completa na Tribuna do Norte