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Publicado em 21/08/2025, às 12h00 O Governo do RN analisa decretar emergência hídrica devido à seca severa e baixa nas chuvas em 2025. - Divulgação Dani Oliveira
A possibilidade de decretar situação de emergência por causa da seca é real para o Governo do Rio Grande do Norte que analisa a situação com preocupação. O Gabinete Civil solicitou relatórios a órgãos como Caern, Emparn, Semarh, Igarn e outros para embasar a decisão.
O levantamento reúne informações sobre chuvas, abastecimento e nível dos reservatórios. Ainda não há prazo para a definição. A última vez que o Estado publicou decreto semelhante foi em dezembro de 2021.
De acordo com documento entregue pela Caern na última terça-feira (19), dez municípios podem entrar em colapso hídrico até janeiro de 2026, o que pode afetar mais de 108 mil pessoas.
Quais cidades estão na lista
Ouro Branco, Jardim do Seridó e Carnaúba dos Dantas já correm risco de desabastecimento a partir de setembro. Também estão na lista São José do Seridó, Parelhas, Luís Gomes, Riacho de Santana, Água Nova, Tenente Ananias e Equador.
Chuvas abaixo da média
A Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (Emparn) confirmou que a quadra chuvosa de 2025 foi insuficiente, principalmente no interior. “A quadra chuvosa deste ano nas regiões Oeste e no Seridó ficou abaixo do normal. Tivemos dificuldades de chuvas esse ano, principalmente nos meses de março e abril por conta da oscilação da temperatura no Oceano Pacífico que teve uma anomalia e incerteza grande na sua configuração”, explicou o meteorologista Gilmar Bristot.
Hoje, os 69 reservatórios monitorados pelo Igarn armazenam apenas 46% da capacidade total, ou 2,4 bilhões de m³, diante de um potencial de 5,2 bilhões.
Produtores pedem medidas estruturantes
Para a Federação da Agricultura, Pecuária e Pesca do RN (Faern), o decreto estadual pode ser necessário. “É importante que o Estado tome a iniciativa para que as coisas não piorem e só faça algo quando o caos tiver instalado. Esperamos que o Governo tome as providências e que elas sejam definitivas. Precisamos de programas e projetos estruturantes para convivermos com esses momentos de seca. Seca não é surpresa, é uma certeza. Precisamos que o Governo ofereça apoio na questão de acesso a crédito facilitado, produtor rural que não tiver condições de pagar esse ano, que a parcela do título dele vá para o final do financiamento, que a Conab disponibilize milho num valor menor possível, a questão de perfuração de poços ser intensificada, políticas de mitigação de se fazer barragens subterrâneas. Tudo isso é importante”, afirmou o presidente José Vieira.
A Fetarn, que representa os trabalhadores rurais, também defende a medida. “O decreto é uma possibilidade porque quando se decreta se dá mais celeridade dentro da gestão pública no sentido de acelerar as ações para agricultoras e agricultores familiares.
Nesse momento, a maior delas é a situação hídrica e a de suporte forrageiro, ração animal. Essa questão emergencial ajuda bastante”, disse o presidente Erivam do Carmo.
O tema também foi discutido em audiência pública da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (20). A Semarh e a Sape foram procuradas pela reportagem, mas não enviaram resposta até o fechamento desta edição.
Reconhecimento federal
O Governo Federal reconheceu nesta quarta-feira (20) a situação de emergência por seca em sete municípios do Nordeste, entre eles Lucrécia, no interior potiguar. Outros 74 municípios do RN já estavam nessa condição.
Com o reconhecimento, as prefeituras ficam aptas a solicitar recursos ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Na prática, com o reconhecimento federal, as prefeituras podem solicitar recursos do Governo Federal para ações de defesa civil, como compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre outros”, informou a pasta em nota.