Política
Publicado em 20/05/2025, às 09h16 Dani Oliveira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta segunda-feira (19/5), com os ministros de Agricultura da União Africana no Palácio do Itamaraty para tratar do II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural. Durante a reunião, o chefe do Palácio do Planalto criticou os recursos empregados em guerras, como na Faixa de Gaza e na Ucrânia.
O encontro ocorreu em meio a atenção no setor agropecuário brasileiro, diante da confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. No entanto, Lula não mencionou os casos da doença no Brasil durante discurso a ministros da Agricultura da União Africana.
Gripe aviária
Em maio de 2023, o Ministério da Agricultura (Mapa) confirmou dois casos de aves marinhas contaminadas pelo vírus da gripe aviária, conhecido como H5N1. Os animais eram da espécie Thalasseus acuflavidus e foram resgatados no litoral do Espírito Santo.
Na época, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, informou que não “há risco de qualquer restrição comercial porque são aves silvestres”.
No entanto, dois anos depois, o Brasil detectou o primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul.
O Ministério da Agricultura ressalta que humanos podem se infectar com a gripe aviária, principalmente por meio do contato direto com os animais infectados. A doença não é transmitida por meio do consumo de aves e nem de ovos.
Qualquer presidente deste país poderia não ter permitido que ninguém passasse fome. Acontece que, muitas vezes, as pessoas mais pobres não são prioridades da maioria dos governos”, disse o presidente Lula. “É muito triste a gente saber que o mundo gastou, no ano passado, US$ 2,4 trilhões em armamento e conflitos e não teve a mesma coragem e ousadia de gastar isso ensinando as pessoas a plantar e a colher aquilo que a gente come em cada país.”
O petista defendeu a transferência de tecnologia e o investimento em agricultura familiar para combater a fome no mundo, em especial nos países africanos. “Imagina se o dinheiro que tá sendo gasto na guerra da Ucrânia com a Rússia, da Rússia com a Ucrânia tivesse sendo gasto na produção de alimentos. Imagina se o dinheiro que o exército de Israel gasta para matar mulheres e crianças lá na Faixa de Gaza fosse utilizado para transferir tecnologia para países que precisam de muita tecnologia. O mundo seria outro”, finalizou.
No ano passado, a pedido do presidente Lula, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, enviou para União Africana uma comitiva com representantes da pasta e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além de empresários do agronegócio para estreitar laços comerciais.
O II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural ocorre entre 20 a 22 de maio, com o objetivo de possibilitar a troca de experiências em produção agropecuária e aquícola (cultura de organismos aquáticos), além de discutir alternativas de financiamento para Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
A União Africana é composta por mais de 50 países, entre eles África do Sul e Angola, importantes importadores de produtos agrícolas brasileiros, como carnes bovina, suína e de aves. A África do Sul, inclusive, suspendeu a importação de carne de aves diante do primeiro foco de influenza aviária no Brasil.
Juntos, os países do bloco somam Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente US$ 2,86 trilhões, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
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