Negócios

Setor da pesca no RN pode ter paralisação total: "Embarcações não saem em agosto"

Tarifa de 50% anunciada por Trump pode afetar 1 mil empregos diretos e 5 mil indiretos na indústria pesqueira do RN. - Divulgação
Aumento das tarifas sobre pescados brasileiros pode afetar embarcações no RN, com paralisação prevista para agosto  |   BNews Natal - Divulgação Tarifa de 50% anunciada por Trump pode afetar 1 mil empregos diretos e 5 mil indiretos na indústria pesqueira do RN. - Divulgação

Publicado em 25/07/2025, às 10h49   Dani Oliveira



O setor pesqueiro do Rio Grande do Norte pode enfrentar grandes desafios com o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros, anunciado pelos Estados Unidos. Em visita à empresa Produmar, o presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Roberto Serquiz, discutiu os impactos da medida que estabelece uma tarifa de 50% sobre a importação de pescados brasileiros.

De acordo com especialistas da indústria, caso a tarifa seja mantida, embarcações de pesca do Estado podem deixar de operar a partir de agosto.

Serquiz destacou a importância da visita técnica à empresa, uma das principais exportadoras de pescados do RN, para avaliar os possíveis danos que o aumento da taxação pode causar ao setor.

Também ressaltou o trabalho em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para buscar alternativas, “como estamos fazendo desde o começo, para levarmos os dados ao governo brasileiro”. O objetivo, segundo ele, é mitigar os efeitos da medida imposta pelo governo norte-americano.

Segundo o diretor da Produmar e presidente do Sindicato da Indústria da Pesca (Sindipesca-RN), Arimar França Filho, o RN exporta anualmente cerca de US$ 50 milhões em produtos pesqueiros para os Estados Unidos.

Ele alertou que, se a tarifa não for revista, as embarcações não sairão para a pesca a partir do próximo mês, o que pode impactar toda a economia local. “A CNI tem um acesso muito bom com o Governo e estamos aguardando para entender quais são as alternativas”, afirmou.

Entre janeiro e junho de 2025, o Estado exportou mais de US$ 11,5 milhões em peixes frescos ou refrigerados para os Estados Unidos, de acordo com dados do Observatório da Indústria MAIS RN. O setor pesqueiro está entre os cinco principais segmentos exportadores do Estado, ao lado de óleos de petróleo (US$ 24, 3 milhões) e produtos de origem animal (US$ 10,3 milhões), que ocupam a primeira e terceira colocação, respectivamente.

Sobre o tarifaço de Trump

O aumento da tarifa de 10% para 50% foi anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em 9 de julho de 2025. A medida começa a valer em 1º de agosto e foi direcionada ao Brasil por meio de uma carta ao presidente Lula (PT).

Em resposta, o governo brasileiro criticou a decisão e anunciou que tomará medidas de retaliação por meio da Lei de Reciprocidade Econômica. Antes, o País tinha ficado com a sobretaxa mais baixa, de 10%, nas chamadas tarifas recíprocas, anunciadas pelo presidente norte-americano em 2 de abril.

Segmento vai enfrentar paralisia se tarifa de Trump for implantada, alerta Sindipesca

Em entrevista ao AGORA RN no último dia 12, o presidente do Sindipesca-RN, Arimar França Filho, já havia alertado para a possibilidade da paralisação total da pesca oceânica de atum no RN, devido ao tarifaço.

Na ocasião, ele afirmou que a margem de lucro do setor varia entre 10% e 15%, apenas, e como até 80% do atum pescado no Estado é exportado para os Estados Unidos, o setor não terá capacidade para competir caso a tarifa de 50% seja mantida. Isso afetaria, ainda, aproximadamente 1 mil empregos diretos e 5 mil indiretos.

Segundo Arimar, o setor espera para o próximo mês, o primeiro após a implementação da tarifa, a possibilidade de uma mudança na política dos Estados Unidos. No entanto, ele não descarta demissões caso a sobretaxa seja mantida por mais tempo.

Vamos aguentar o primeiro mês, mas posteriormente, se não houver reversão, não tem muito o que fazer”, afirmou na ocasião.

Embora as embarcações ainda operem, as exportações de atum para os Estados Unidos estão sendo suspensas gradualmente. O setor planeja realizar o último embarque até o dia 27 deste mês, com a interrupção das remessas prevista para o dia 30. Arimar alertou que, ao contrário do que se imagina, a suspensão das exportações não deve resultar em uma queda no preço do atum no mercado interno.

Pelo contrário, a escassez do produto devido à paralisação da pesca poderá elevar os preços. “Vai aumentar o preço porque a frota vai diminuir. Vai ter menos oferta”, afirmou.

Diálogo como solução

Em relação à postura do governo brasileiro frente à tarifa, Arimar defendeu que a solução deve passar pelo diálogo entre as partes envolvidas. Ele destacou que, embora o setor evite envolvimento político direto, a polarização tem prejudicado a economia e os setores produtivos, que se veem no meio de um embate político sem uma resolução clara.

Tudo tem que ter conversa, né? Tem que ter diálogo. A intransigência de ambos os lados é muito difícil”, completou.

A pesca oceânica de atum no estado é mais intensa durante o período de lua cheia, que em agosto ocorrerá entre os dias 9 e 16. Caso a tarifa de 50% seja mantida, a frota de barcos do Rio Grande do Norte não deverá ir ao mar nesse período crítico, comprometendo ainda mais a produção e as exportações para o mercado norte-americano.

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