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Uma em 23 adolescentes brasileiras torna-se mãe a cada ano, revela estudo recente

Uma em 23 adolescentes brasileiras torna-se mãe a cada ano, revela estudo recente - Reprodução
Taxa de fecundidade entre adolescentes no Brasil é alarmante, com municípios apresentando índices comparáveis a países de baixa renda  |   BNews Natal - Divulgação Uma em 23 adolescentes brasileiras torna-se mãe a cada ano, revela estudo recente - Reprodução

Publicado em 21/07/2025, às 20h08   BNews Natal



Um estudo realizado por pesquisadores do Centro Internacional de Equidade em Saúde da Universidade Federal de Pelotas (ICEH/UFPel) revelou dados preocupantes sobre a maternidade na adolescência no Brasil.

A pesquisa mostrou que, a cada ano, uma em cada 23 adolescentes entre 15 e 19 anos torna-se mãe. Entre 2020 e 2022, mais de 1 milhão de jovens dessa faixa etária tiveram filhos. No grupo das meninas de 10 a 14 anos, esse número ultrapassou 49 mil.

Conforme a legislação vigente, qualquer gestação nessa faixa etária é automaticamente considerada resultado de estupro de vulnerável.

A pesquisa calculou a taxa de fecundidade entre adolescentes para mais de 5,5 mil municípios brasileiros. Os resultados indicam que um em cada cinco municípios apresenta taxas semelhantes às observadas em países considerados os mais pobres do mundo.

No Brasil, a taxa nacional de fecundidade na adolescência é de 43,6 nascimentos por mil adolescentes. Esse valor é quase o dobro da média encontrada em países de renda média alta, como o próprio Brasil (24 por mil), e muito superior às taxas de países parceiros no BRICS, como Rússia, Índia e China, onde o máximo registrado é 16,3 por mil.

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Aluísio Barros, epidemiologista e pesquisador do ICEH/UFPel, além de líder do estudo, explicou que era esperado que a maioria dos municípios apresentasse índices semelhantes aos de países com nível de renda comparável ao do Brasil.

Porém, observou-se um padrão mais próximo ao de países de renda média baixa ou até baixa renda. Por trás da média nacional, 69% dos municípios apresentam taxas piores do que o esperado para um país de renda média alta, sendo que 22% deles possuem índices de fecundidade tão altos quanto os países de baixa renda, destacou o pesquisador.

A pesquisa também revela desigualdades regionais. Na Região Sul, a taxa é de 35 nascimentos por mil adolescentes, enquanto no Norte essa taxa mais do que dobra, chegando a 77,1 por mil. A disparidade é evidente na classificação dos municípios: 76% das cidades do Norte estão na faixa de fecundidade de países de baixa renda; no Sudeste, essa proporção é de 5,1%; no Sul, 9,4%; no Nordeste, 30,5%; e no Centro-Oeste, 32,7%.

Segundo os dados apresentados, a privação socioeconômica é o principal fator relacionado às altas taxas de fecundidade entre adolescentes.

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O estudo destaca que municípios com maior escassez de recursos, baixa renda, altos índices de analfabetismo e infraestrutura precária concentram as taxas mais elevadas de gravidez na adolescência. Essa realidade reforça a conclusão de que a maternidade precoce é resultado de um contexto marcado pela exclusão social e pela falta de oportunidades.

Para Aluísio Barros, esses números indicam que o Brasil está falhando em proteger suas jovens. Ele enfatiza a necessidade de políticas públicas que enfrentem as causas estruturais do problema, como a pobreza, a evasão escolar e a falta de acesso a serviços e perspectivas para o futuro.

O pesquisador destacou ainda que a gravidez na adolescência não é uma escolha, mas um desfecho de situações de privação e ausência de oportunidades. Com o objetivo de chamar atenção para essas questões, foi lançado o Observatório de Equidade em Saúde.

Thais Junqueira, superintendente-geral da Umane, ressaltou que o Sistema Único de Saúde (SUS) realiza diversas ações para a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes. Entre elas, está o acesso gratuito a métodos contraceptivos e programas de educação sexual que atuam tanto nas escolas quanto em comunidades, com apoio de organizações sociais.

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Ela destacou a importância das pesquisas para entender os desafios que o Brasil ainda enfrenta nesse tema. Além disso, reforçou que o enfrentamento da gravidez na adolescência requer respostas articuladas e um maior envolvimento dos diversos setores da sociedade.

A pesquisa serve como base para o lançamento de uma nova página no Observatório da Saúde Pública. A iniciativa visa monitorar e dar visibilidade às desigualdades em saúde no país e é feita em parceria com a Umane, organização da sociedade civil que apoia projetos de saúde pública.

Classificação Indicativa: Livre

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