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A extração desenfreada de madeira no Nordeste brasileiro está ultrapassando fronteiras. Com a manchete "Caatinga é um dos biomas mais eficientes na captura de carbono, mas sofre com avanço da energia renovável", o problema veio à tona nesta quarta-feira (1º) em uma reportagem especial publicada no site latino-americano Biodiversidad La.ORG.
O períodico é produzido de corma cooperativa entre a Coordenação Latino-Americana de Organizações Rurais e a Aliança para a Biodiversidade. O objetivo é prestar serviços às organizações que compartilham a luta pela defesa da agricultura familiar e indígena.
"A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, é um dos mais eficazes no chamado sequestro dos gases do efeito estufa. Em compensação, o bioma tem sido um dos mais atacados por empreendimentos de energia renovável, considerada uma fonte limpa. A contradição verde demonstra que estes modelos alternativos, organizados em torno de grandes empreendimentos, têm contribuído para destruir um dos biomas mais importantes para o país", alerta a matéria.
A retirada sem controle de madeira do sertão potiguar, principalmente com o propósito de ser utilizada como lenha na indústria e fábricas de telhas e tijolos, principalmente, é tema antigo de um estudo desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) cujo resultado, até então, tem se revelado preocupante.
Ao mesmo tempo em que a prática alimenta uma das atividades mais importantes para a economia de vários municípios no interior do estado, a devastação de extensas áreas de vegetação também pode estar causando danos irreparáveis para um dos biomas mais sensíveis da natureza brasileira: a caatinga.
A caatinga é o único bioma (conjunto de vida vegetal e animal com características singulares) exclusivamente brasileiro, o que significa que grande parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar do planeta.
Ocupa uma área de cerca de 734.478 km², o equivalente a 10% do território nacional, sendo encontrada nos nove estados do Nordeste e em uma parte do norte de Minas Gerais, no Sudeste.
Entre os biomas, é considerado um dos mais fragilizados. O uso insustentável de seus solos e recursos naturais ao longo de centenas de anos de ocupação fazem com que a caatinga esteja bastante degradada.
No Nordeste, alguns estados se destacam pelo aumento da porcentagem da área desmatada com autorização ou ação de fiscalização nos últimos seis anos. O Rio Grande do Norte saiu de 2,4% em 2019 para 49,5% em 2024. Os dados são do RAD2024, Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, elaborado pelo MapBiomas.
O documento, que apresenta um panorama abrangente do desmatamento em todos os biomas brasileiros nos últimos cinco anos, consolida e analisa os alertas de desmatamento validados e refinados com imagens de alta resolução pelo MapBiomas Alerta (https://alerta.mapbiomas.org/) a partir de múltiplos sistemas de detenção de desmatamento. Ele também avalia indícios de irregularidade ou ilegalidade e examina ações de combate ao desmatamento por órgãos governamentais e instituições financeiras.
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