Geral
por José Nilton Jr.
Publicado em 18/08/2025, às 13h51
Nos Estados Unidos, o preço da carne bovina chegou a um patamar histórico, em meio a uma combinação que envolve fatores climáticos, restrições sanitárias ao México e tarifas elevadas contra o Brasil. O resultado já pode ser sentido pelo consumidor dos EUA.
O valor médio da carne para churrasco chegou a US$ 11,875 por libra. Em comparação com o real, isso equivale a quase R$ 150 por quilo. Em apenas trinta dias, a alta foi de 3,3%, acumulando 9% de aumento em seis meses.
A carne moída, que é a base de hambúrgueres e considerada produto popular, também sofreu forte elevação. Foi registrada uma alta no valor médio, que subiu 3,9% em julho e 15,3% no semestre. Isso fez com que o produto atingisse US$ 6,338 por libra, cerca de R$ 75 o quilo.
Esse aumento reflete o encolhimento da oferta, além da pressão sobre o mercado interno.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção interna de carne bovina deve ser a menor dos últimos dez anos.
A indústria pecuária dos Estados Unidos enfrenta impactos diretos das mudanças climáticas. A seca também reduziu o número de animais nos pastos, além de ter colaborado para a diminuição do peso médio dos bovinos abatidos.
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Essa combinação de fatores estruturais já vinha pressionando o mercado norte-americano, mas medidas comerciais adotadas em julho deste ano intensificaram o cenário de escassez e alta de preços.
Com a imposição de uma tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira, o USDA revisou para baixo suas projeções de importação. A redução é de 1,9% já para este ano, o que representa cerca de 180 mil toneladas a menos de carne no mercado dos Estados Unidos
Já em relação ao próximo ano, a queda prevista é ainda mais expressiva: 7,5%, o que acaba consolidando os efeitos da barreira comercial.
Ao todo, o impacto pode ultrapassar 400 milhões de libras em dois anos, restringindo a entrada de um dos principais fornecedores externos dos Estados Unidos.
Outro desafio em relação ao tópico surgiu do México, país tradicional no fornecimento de gado vivo para os Estados Unidos. Desde o mês de maio deste ano, as importações estão suspensas devido à presença da doença New World Screwworm (NWS), conhecida como “bicheira do Novo Mundo”.
A praga, além de ser considerada altamente destrutiva, pode levar à morte de bovinos, afetar aves e, em alguns casos, atingir seres humanos. Na semana passada, o USDA confirmou que a suspensão não será revogada tão cedo, reforçando as dificuldades para equilibrar a oferta.
Para tentar impedir o avanço da doença no México, o governo dos Estados Unidos anunciou um plano de médio e longo prazo, que inclui a construção de uma instalação de moscas estéreis no Texas.
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