Esportes

Zé Vanildo dispara: "Lamentavelmente, no RN, as pessoas se preocupam muito mais com o sucesso pessoal"

José Vanildo da Silva, presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol, foi eleito vice-presidente da CBF - Anderson Barbosa
Eleito vice-presidente da CBF, entidade máxima do futebol brasileiro, Zé Vanildo falou com o BNews Natal em entrevista exclusiva  |   BNews Natal - Divulgação José Vanildo da Silva, presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol, foi eleito vice-presidente da CBF - Anderson Barbosa

Publicado em 07/06/2025, às 22h00   Anderson Barbosa



A entidade máxima do futebol brasileiro tem novos timoneiros. No dia 25 de maio, os principais clubes do país elegeram o médico e presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF), Samir Xaud, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele assumiu o cargo após Ednaldo Rodrigues ter sido afastado da cadeira por decisão judicial. E quem também ganhou notoriedade com toda essa movimentação foi o presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol (FNF), José Vanildo da Silva, que compôs a chapa e se tornou vice-presidente da CBF. Até aí, tudo bem, maravilha. Agora vamos às perguntas:  

Para ABC e América, o que tudo isso importa? O que o futebol potiguar, o que a FNF e o que o próprio Rio Grande do Norte ganham com isso? Zé Vanildo é a favor da criação de uma liga única para organizar os principais campeonatos nacionais? Ele terá voz ativa nas decisões da CBF? Qual a expectativa dele com a chegada do italiano Carlo Ancelotti no comando da Seleção Brasileira?  

Quem fala sobre tudo isso e um pouco mais é o próprio Zé Vanildo, em entrevista exclusiva ao BNews Natal. Confira: 

BNews Natal - O que a sua eleição, para o cargo de vice na CBF, pode trazer de benefícios para o futebol potiguar? 

Zé Vanildo - A nossa indicação, a nossa eleição à vice-presidência da CBF, foi feita com muita luta, com muita dificuldade, e isso reflete tantos anos que eu venho como presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol. E nós conseguimos superar estados no Nordeste, como a Bahia, Pernambuco, Fortaleza, e nós conquistamos essa eleição com votos regionais que foram fundamentais à minha indicação. Muito mais do que uma vitória nossa, é o reconhecimento do trabalho. Lamentavelmente, no Rio Grande do Norte, as pessoas se preocupam muito mais com o sucesso pessoal do que com os efeitos que possam refletir em favor do nosso estado. Se as classes política e empresarial tivessem abraçado a nossa campanha, se tivessem demonstrado a importância que representa o futebol como o maior evento do mundo, iriam entender que nós, mesmo isoladamente, conquistamos isso graças ao apoio, primeiro dos clubes filiados, que me fazem permanecer esse tempo aqui, e segundo pela nossa atuação como presidente do nosso estado. Não existe competição que não seja com a nossa interferência, com o nosso apoio. E tem um detalhe: nós não recebemos dinheiro público, nunca recebemos um centavo de dinheiro público. Lamentavelmente, os governos não têm o esporte de forma geral como projetos permanentes de ação de governo. E jogam essa situação nas costas dos esportistas, que muitas vezes investem o patrimônio pessoal, a emoção, tudo em razão do crescimento e da importância do futebol. Quem mais divulga o nosso estado, o Rio Grande do Norte, é o futebol do nosso estado. Eu vou lutar pela melhoria da Copa do Nordeste, que desde a sua criação eu venho me envolvido. Vou lutar pela melhoria do nosso calendário, a nível nacional. Vamos lutar pela melhor qualificação e projetos da Série C, da Série D, das Séries A e B, por uma melhor democratização na distribuição dessas vagas. Vamos buscar o entendimento da importância do futebol feminino. Perdemos agora uma Copa do Mundo Feminina aqui em Natal, e não pela nossa vontade, mas pela ausência de um maior envolvimento público. Temos o melhor estádio do Brasil, senão o melhor do Nordeste. A Arena das Dunas é uma arena pronta, qualificada, mas que estará subaproveitada se não houver participação de todos. Nossa luta principal será essa, mostrar a necessidade de uma melhor qualificação a nível regional e nacional do nosso futebol. 

BNews Natal - E na FNF, muda alguma coisa com a sua vice-presidência? 

Zé Vanildo - Ao longo do tempo eu tenho tido atividades a nível nacional. Com outras gestões, eu tinha umas atribuições a nível nacional que faziam com que nós sobrevivêssemos aqui. Não há um evento aqui que não tenha participação econômica e financeira da CBF e da FNF. Mesmo sem recursos públicos, que nós não recebemos. E isso impulsionou que nós fossemos mais por outras áreas, como em marketing, em profissionalização, redução de quadro de pessoal, mais transparência, participação efetiva dos clubes. Nós trouxemos os clubes aqui para dentro. Houve uma evolução na formação das SAFs, a Sociedade Anônima do Futebol. Aqui no Brasil, elas estão em evidência. Hoje, está havendo evolução e qualificação dos clubes no aspecto profissional, e nos obriga a essas mudanças que fizemos aqui. A FNF está totalmente informatizada. Nós temos um quadro de pessoal eficiente, qualificado. Reduzimos a quantidade e estamos fazendo cursos de profissionalização. Nossos contatos e nossa relação com os nossos clubes é online em tudo, desde a parte financeira, a parte econômica, formação estatutária, com o nosso Tribunal de Justiça. Esse conjunto de ações vem evoluindo ano a ano. E a minha eleição como vice-presidente da CBF vai facilitar essa nossa evolução, nosso aprimoramento. São oito vice-presidentes. E desses oito, eu sou o primeiro. Isso já me dá uma certa qualificação no Conselho de Gestores da CBF. O que eu espero é utilizar melhor, junto com a Federação, para alcançar e melhorar os objetivos do futebol potiguar. 

BNews Natal - Sobre a criação de uma Liga única para organizar as sérias A e B do futebol brasileiro, a CBF é a favor?  

Zé Vanildo - Isso é uma tendência mundial. Isso já é comum na Europa. O que nós ainda temos, no Brasil, é um conflito entre os próprios clubes na gestão das ligas. Os presidentes de clubes, eles são presidentes de clubes na maioria pela emoção, por decisão pessoal, por ter recursos para ser o dono do time. Ainda vejo que os dirigentes têm que evoluir muito para se transformarem em empresa legítima. Ainda são muito poucas no Brasil. Talvez o estado que tenha mais seja o Rio Grande do Norte. Mesmo nessas condições, há uma tendência natural de transformação. O futebol ser tratado como empresa eu vejo que é natural, normal. Eu acredito que haja essa evolução, que consigam se unir a esse desejo. Eu acredito que a CBF abraça esse sentido. Mas, que antes reveja a questão dos campeonatos estaduais, do efetivo investimento no futebol feminino, no futebol de base. Não há outra alternativa que não seja a profissionalização do campeonato nacional. Eu sou a favor da liga, mas desde que se qualifique, que se respeite os campeonatos estaduais. A Copa do Nordeste é fundamental ser revitalizada. Da forma que está funcionando, a tendência é acabar. O crescimento do Nordeste ocorreu com a Copa do Nordeste.  

Zé Vanildo, presidente da FNF / Foto: Anderson Barbosa
Zé Vanildo, presidente da FNF / Foto: Anderson Barbosa

News Natal - Qual a expectativa com a chegada de Ancelotti para o comando da Seleção Brasileira? 

Zé Vanildo - Isso é uma expectativa muito forte. Primeiro que esse efeito decorre também com a mudança na gestão da CBF. Esse conjunto de ações da chegada de Ancelotti cria, em todos nós, uma expectativa de melhora. Era grave a crise que atravessávamos, e que eu espero que comece agora a evoluir. A chegada de Ancelotti, com a mudança de conceitos, com a gestão de Xaud, um novo dirigente, esperamos que mude efetivamente a participação do torcedor. O torcedor está longe da Seleção Brasileira. Mas nós já estamos sentindo, com essa mudança de gestão da CBF, com a chegada de Ancelotti, uma esperança maior que a Seleção Brasileira retome o seu devido lugar. Foi excelente a chegada dele. Acredito que nessa nova gestão, com a tomada de medidas radicais, radicais no sentido de qualificar de forma definitiva, a Seleção também tenha investimentos na renovação do futebol brasileiro na base, no sub 13, sub 15, 17, 19, fomentar efetivamente a renovação do futebol.

BNews Natal - Como deve ser a sua participação nas decisões da presidência de Samir Xaud? Zé Vanildo terá voz? 

Zé VanildoXaud é um rapaz jovem, um médico que já se envolveu com a política, um rapaz competente. E houve essa indicação. Surgiu o nome dele, e junto com oito vice-presidentes, houve a unanimidade dos presentes. Sete, menos o estado de São Paulo, porque não compôs a chave, e também alguns clubes que não compareceram à eleição. Mas ele, o Xaud, tem tudo para desenvolver um bom trabalho. Agora tem que que democratizar as decisões. Nós tínhamos obstáculos na gestão passada. Houve uma centralização. Várias questões políticas, várias questões de ordem jurídica, que tumultuou de forma muito clara o futebol brasileiro e a Seleção Brasileira. Eu tive com Xaud várias vezes, tratando de assuntos do Conselho de Administração, que é composto por nós, vice-presidentes. Esperamos que avance, com a chegada do novo treinador, um treinador de renome internacional, conquistador. Xaud e Ancelotti farão boas gestões.

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