Cidades
Publicado em 28/05/2025, às 06h51 Dani Oliveira
Um homem oriundo do município de Belém deu entrada na noite desta terça-feira (27) no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa após introduzir um corpo estranho, um objeto semelhante a um coco, em suas partes íntimas.
De acordo com um socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), a equipe foi acionada após a unidade hospitalar de Belém informar que havia um homem com um objeto no ânus, apresentando quadro de dor intensa e sangramento anormal.
Diante da gravidade da situação e da perda significativa de sangue, o paciente foi transferido para a capital paraibana. No Hospital de Trauma, ele recebeu atendimento especializado, e os médicos conseguiram retirar o objeto.
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Por que não situar os corpos estranhos no reto no âmbito das práticas sexuais consensuais e saudáveis entre pessoas de vários gêneros e orientações sexuais?
Em muitos estudos, essa patologia é observada em reclusos penitenciários, em pessoas com transtornos psicológicos, em tentativas de suicídio ou homicídio, em homossexuais, em atos eróticos, em práticas sadomasoquistas, em casos de estupro ou agressões sexuais, em pessoas semi-inconscientes sob os efeitos de drogas ou álcool ou em mulas que ocultam narcóticos”, dizia Rodríguez-Hermosa em artigo, publicado na revista Cirugía Española.
Para Robertson, essas descrições vinculam tais casos a práticas aberrantes, no contexto de um sistema “heteronormativo” cujo único modelo válido é a relação heterossexual tradicional. “Por que não situar os corpos estranhos no reto no âmbito das práticas sexuais consensuais e saudáveis entre pessoas de vários gêneros e orientações sexuais?”, pergunta-se o antropólogo norte-americano. A médica Myriam Valdés confirma que muitos pacientes são totalmente sinceros, como uma mulher que chegou ao pronto-socorro do Hospital Universitário de Getafe e relatou ter enfiado um desodorante roll-on inteiro no reto enquanto “brincava com o marido” em busca de prazer anal. No ano passado, um homem de 68 anos foi ao Hospital Geral Universitário Santa Lucía, em Cartagena (sudeste espanhol), depois de introduzir uma chave de venda no ânus.
Robertson salienta que não existem dados epidemiológicos, apenas estudos isolados, então é impossível saber a frequência desses incidentes com corpos estranhos no reto. Além disso, talvez os casos extremos – como o do homem que apareceu num hospital de Hong Kong com o reto perfurado por uma enguia – estejam super-representados na literatura médica. Também já foram descritos casos envolvendo guarda-chuvas, canos de escopeta, velas, pepinos, cabos de vassoura, tubos de aspirador, cabos de martelo, garrafas e, obviamente, vibradores. O primeiro objeto no reto descrito em uma revista médica, a norte-americana JAMA, data de 1919: um copo. Quase qualquer objeto imaginável já serviu para proporcionar prazer anal a alguém.
O trabalho do Robertson destaca que, segundo seus critérios, em apenas 16% dos estudos analisados a reação médica apresentada foi completamente profissional e sensível. “Há uma cultura da vergonha em torno do prazer anal. E os próprios profissionais da saúde contribuem para esta estigmatização, ao enquadrarem os corpos estranhos no reto como um problema de perversões sexuais, mentiras do paciente e anormalidade”, opina Robertson. “Não é muito surpreendente que os pacientes evitem ir ao médico.”
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