As ruínas da Igreja de São Miguel Arcanjo, em Extremoz, se tornaram palco de uma pesquisa arqueológica que pode transformar a compreensão da história do Rio Grande do Norte.
Professores, estudantes e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) iniciaram os trabalhos há uma semana e devem permanecer no local pelos próximos dois anos.
O estudo, autorizado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e apoiado pelo Ministério da Cultura, pretende revelar a cultura material da missão jesuíta instalada na região no século XVII. O objetivo é resgatar vestígios que ajudem a contar a trajetória da presença indígena e europeia no território.
Entre os primeiros achados estão tijolos, cerâmicas, louças e outros objetos que oferecem pistas sobre a convivência de diferentes povos naquele período histórico. Esses materiais já começam a ser analisados pela equipe de pesquisadores.
Reprodução/Assessoria
Memória e identidade em construção
Além do trabalho técnico, os arqueólogos dialogam com os moradores, que compartilham histórias, lendas e tradições ligadas ao local. Há relatos de tesouros enterrados, aparições e narrativas populares que reforçam o imaginário coletivo sobre a igreja e seu entorno.
A comunidade participa ativamente, mostrando como a pesquisa vai além da ciência e alcança a preservação da memória afetiva. Para muitos, o projeto representa a oportunidade de manter viva a herança cultural de Extremoz.
A prefeita Jussara Sales destacou que a iniciativa fortalece a identidade potiguar, ressaltando que a história da cidade pertence a toda a população. Segundo ela, a pesquisa cria pontes entre passado e presente, permitindo que novas gerações conheçam suas raízes.
Futuro do sítio histórico
As escavações incluem também áreas próximas à Lagoa de Extremoz, espaço carregado de simbolismo para os moradores. Os resultados podem fundamentar projetos de restauração, preservação e até estimular a criação de um polo turístico no município.
A expectativa é de que, com a valorização do sítio arqueológico, Extremoz se torne referência na preservação histórica potiguar. Fé, cultura e memória se encontram nesse mesmo território, consolidando o município como guardião de um capítulo essencial da formação do Rio Grande do Norte.
O projeto reforça que investigar o passado é também projetar o futuro, garantindo que a riqueza cultural não se perca e se transforme em legado para o país.