Cidades
Publicado em 21/07/2025, às 07h37 Dani Oliveira
A cantora, apresentadora e empresária Preta Gil morreu neste domingo (20) aos 50 anos após complicações de um câncer no intestino, também chamada de câncer de cólon ou colorretal.
Filha do cantor Gilberto Gil e da empresária Sandra Gadelha, Preta estava nos Estados Unidos fazendo tratamentos experimentais contra a doença, descoberta em janeiro de 2023. Ela deixa o filho Francisco Gil e a neta Sol de Maria.
A descoberta do câncer de Preta Gil
Ocorreu após exames terem apontado a presença de um tumor adenocarcinoma na porção final do órgão. Em agosto de 2023, a cantora anunciou que seu câncer havia se espalhado por quatro pontos. Ela estava nos EUA desde maio deste ano. A previsão era de que o tratamento continuasse até agosto.
O adenocarcinoma é o tipo de tumor maligno que causou o câncer de intestino da cantora. Ele se desenvolve em pólipos (crescimento anormal de tecidos em regiões como o intestino) que, embora sejam considerados benignos, se não identificados e tratados precocemente, podem sofrer alterações ao longo dos anos e se tornar cancerígenos.
No caso específico dos tumores intestinais, os médicos explicam que muitos se desenvolvem de modo assintomático, o que ressalta a importância de exames de rastreamento.
Fatores de risco para câncer de intestino
O câncer no intestino é o segundo mais frequente no aparelho digestivo e o terceiro que mais mata no Brasil, de acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer). Outras personalidades famosas, como a cantora Simony e os ex-jogadores Pelé e Roberto Dinamite, também sofreram com a doença.
Estimativa de novos casos no país
Estima-se que mais de 40 mil novos casos surjam todos os anos no país. A doença afeta ambos os sexos, em geral a partir dos 45 anos, é mais frequente na faixa entre 60 e 70 anos de idade.
Entre os fatores de risco, destacam-se:
• Hábitos alimentares não saudáveis;
• Obesidade
• Sedentarismo;
• Tabagismo e alto consumo de bebidas alcoólicas;
• Histórico familiar de câncer colorretal, de ovário, útero e/ou câncer de mama;
• Preexistência de doenças como retocolite ulcerativa crônica, doença de Crohn e doenças hereditárias do intestino.
Sinais do câncer colorretal
O cirurgião oncológico e presidente da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica), Héber Salvador, explica que o câncer colorretal pode se desenvolver silenciosamente por um tempo, sem apresentar nenhum sintoma. A descoberta, muitas vezes, se dá por exames de rastreamento.
É fundamental a realização de colonoscopia a partir dos 45 anos em pessoas sem sintomas - ou (a partir dos) 35 anos, caso haja histórico de câncer na família. Esse exame pode evitar a doença, porque, por meio dele, é possível retirar pólipos, que são lesões presas na parede do intestino que poderiam evoluir para câncer", explica.
É importante também prestar atenção a alguns sintomas:
• Alteração nos hábitos intestinais, como diarreia, constipação ou estreitamento das fezes, que perdura por alguns dias;
• Mesmo após a evacuação, não há sensação de alívio, parecendo que nem todo conteúdo fecal foi eliminado (sintoma especialmente sugestivo nos casos de câncer de reto);
• Sangramento retal (o sangue costuma ser bem vermelho e brilhante);
• Presença de sangue nas fezes, tornando a sua coloração marrom escuro ou preta;
• Cólica ou dor abdominal;
• Sensação de fadiga e fraqueza;
• Perda de peso sem motivo aparente
Diagnóstico precoce ajuda a salvar vidas
"O primeiro passo do diagnóstico do câncer colorretal é traçar o histórico médico do paciente para a identificação de possíveis fatores de risco. O exame físico pode incluir palpação do abdômen em busca de anormalidades, como massas ou órgãos aumentados", aponta Renata D'Alpino, oncologista e co-líder da especialidade de tumores gastrointestinais do Grupo Oncoclínicas.
Depois, o médico pode pedir uma colonoscopia, exame mais usado no rastreamento; que mudou a história do câncer de intestino.
Apesar do avanço, Renata D'Alpino afirma que há muitos tabus que cercam o rastreio preventivo do câncer colorretal, o que contribui para a baixa adesão ao controle precoce da doença mesmo entre pessoas que fazem parte do grupo com risco aumentado.
Outros exames que apoiam o diagnóstico e o tratamento:
• Dosagem de anticorpos específicos (marcadores);
• Tomografia;
• Ressonância magnética;
• Pet Scan (tomografia especial para tumores).
Tratamento para esse tipo de caso
A necessidade de rapidez no diagnóstico também tem relação com a agressividade dos tumores colorretais.
Quando o diagnóstico é precoce, as chances de cura são significativamente maiores e o tratamento se torna mais simples, já que o tumor ainda está em sua fase inicial.
"Esses tumores costumam ser agressivos e, se não tratados, disseminam-se não somente no local, mas também pelo sistema linfático e circulatório. Nessa etapa, eles geram lesões à distância, principalmente no fígado e no cérebro, além de no peritônio, o que reduz a expectativa de vida do paciente", conclui.
O primeiro passo para o tratamento do câncer colorretal é, em geral, a cirurgia oncológica. Em alguns casos, a cirurgia pode ser seguida pela radioterapia e a quimioterapia.
Vale lembrar que o câncer é uma doença complexa, que pode exigir abordagens diferentes de caso a caso. Por isso, toda a definição do tratamento, bem como das condutas terapêuticas e do tipo de cirurgia realizada, depende do momento da detecção da doença.
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