Cidades
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) obteve uma patente para um catalisador sustentável feito da casca da tangerina Ponkan, que promete revolucionar a produção de biodiesel no Brasil, oferecendo uma alternativa de baixo custo e menor impacto ambiental.
O processo, que transforma um resíduo agroindustrial em um catalisador eficiente, envolve a carbonização da casca a altas temperaturas, permitindo a conversão de óleos vegetais em biodiesel com alta taxa de eficiência e reutilização do material.
Com a patente concedida, os pesquisadores têm agora o direito exclusivo de explorar a tecnologia por 20 anos, enquanto trabalham na validação e escalabilidade do processo, ampliando seu uso para diferentes tipos de óleos vegetais e destacando a UFRN no cenário de inovação em energia renovável.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) acaba de conquistar uma patente inédita que pode mudar os rumos da produção de biocombustíveis no país.
Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Química (PPGQ) desenvolveram um catalisador sustentável feito a partir da casca da tangerina Ponkan, capaz de produzir biodiesel de baixo custo, alta eficiência e reduzido impacto ambiental.
A patente, depositada em 2020 e concedida oficialmente no dia 30 de setembro, garante aos cientistas o direito de exploração exclusiva da tecnologia por 20 anos.
O projeto é assinado pelos pesquisadores Luciene da Silva Santos, José Alberto Batista da Silva, Keverson Gomes de Oliveira e Ramoni Renan Silva de Lima, que batizaram a inovação de “Processo de Obtenção de Biodiesel Através do Uso de Catalisador Proveniente da Casca in Natura da Tangerina Ponkan”.
Do resíduo à energia limpa
O diferencial do estudo está na transformação de um resíduo agroindustrial comum — a casca da tangerina — em um catalisador de alto desempenho.
O processo envolve a carbonização do material a temperaturas entre 500 °C e 1000 °C, convertendo-o em uma substância ativa capaz de acelerar a reação química que transforma óleos vegetais em biodiesel, especialmente o óleo de soja.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Luciene Santos, o método alia sustentabilidade e eficiência, reduzindo custos de produção e permitindo a reutilização do catalisador em diferentes ciclos de reação.
O aproveitamento de resíduos naturais e a baixa geração de rejeitos tornam o processo mais limpo e competitivo”, explica.
Alta eficiência e potencial industrial
Os testes em laboratório demonstraram altos índices de conversão na produção do biocombustível.
Agora, o grupo trabalha na validação experimental e na escalabilidade em nível piloto, ampliando o uso da tecnologia para outros tipos de óleos vegetais, como girassol, linhaça, castanha de caju e até amêndoas e nozes.
De acordo com José Alberto Silva, a simplicidade do processo é um dos grandes diferenciais.
Trata-se de uma metodologia de aplicação direta, com baixo consumo de energia e tempo de produção reduzido em comparação a outros métodos já patenteados”, afirma.
O pesquisador Keverson de Oliveira complementa que o catalisador mostrou bom desempenho e possibilidade de reaproveitamento, o que aumenta a viabilidade industrial e diminui o impacto ambiental.
Inovação potiguar de alcance global
Com a concessão da patente, os pesquisadores da UFRN passam a deter o direito de produzir, usar, comercializar e licenciar a tecnologia. O registro reforça a vocação inovadora da universidade em áreas estratégicas ligadas à transição energética e à economia verde.
O avanço coloca o Rio Grande do Norte em destaque no cenário científico nacional, contribuindo para soluções de energia renovável e reaproveitamento de resíduos agroindustriais — temas centrais nas metas globais de sustentabilidade.
Classificação Indicativa: Livre