Cidades

Corrida pelo papado: cardeais recebem lista com favoritos ao trono de Francisco

Apesar do clima de tensão, o discurso público entre os cardeais permanece centrado na unidade e na busca por um perfil conciliador para o novo líder da Igreja - Reprodução/ANSA
O documento impresso e encadernado levanta suspeitas de tentativa de influenciar os votos na Capela Sistina durante o conclave marcado para 7 de maio  |   BNews Natal - Divulgação Apesar do clima de tensão, o discurso público entre os cardeais permanece centrado na unidade e na busca por um perfil conciliador para o novo líder da Igreja - Reprodução/ANSA

Publicado em 04/05/2025, às 19h59   Aryela Souza



Um dossiê contendo 20 nomes de possíveis sucessores do papa Francisco circula entre os cardeais que participarão do conclave no Vaticano, marcado para o próximo dia 7 de maio. Impresso em alta qualidade e encadernado, o material chamou atenção pela sofisticação — e levantou suspeitas de tentativa de influenciar os votos na Capela Sistina.

“Eu pensei que ia encontrar a minha biografia ali, mas graças a Deus não a encontrei”, comentou um dos cardeais. Outro comparou o conteúdo a uma “totopapa” — uma espécie de loteria papal —, que destacaria os nomes mais cotados ou mais expostos na corrida pelo comando da Igreja Católica.

Entre os citados no documento está o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, que recentemente também foi alvo de rumores sobre sua saúde — negados oficialmente pela Santa Sé. “É tanta bobagem…”, lamentou um cardeal, mencionando inclusive o episódio de uma montagem publicada por Donald Trump com trajes papais.

Segundo relatos, a tentativa de interferência parte de diferentes lados: tanto de dentro quanto de fora da Igreja. "Tem influências internas que buscam de alguma forma criar uma atmosfera que não ajuda. Gente com saudade de um tempo que não existe mais”, disse um dos participantes. “O tempo não para. E nós também não podemos parar no tempo.”

As articulações de bastidores incomodam alas progressistas e extremistas.

Seja num sentido ou no outro. Os que querem ir avante e pedem coragem. O espírito de Deus é que age sobre nós. Se perdemos a dimensão da fé, vamos fazer outra coisa”, afirmou um cardeal.

Apesar do clima de tensão nos bastidores, o discurso público segue centrado na unidade. “É um desafio que estamos enfrentando com alegria”, afirmou o cardeal-arcebispo de Brasília, d. Paulo Cezar Costa, que defende um perfil “conciliador” para o novo papa — alguém capaz de dialogar com o ser humano contemporâneo.

D. Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, acredita que a existência do dossiê não deve ter grande impacto. “Os cardeais já estão refletindo sobre isso há algum tempo. Não é de agora que eles estão pensando em quem votar.”

O arcebispo de Porto Alegre, d. Jaime Spengler, também ressaltou a busca por consenso.

É muito bonito nesses dias poder colher as diversas manifestações, compreensões distintas, mas ao mesmo tempo o desejo de cooperar para buscar a unidade. E que seja a pessoa certa para o tempo certo.”

Classificação Indicativa: Livre

Facebook Twitter WhatsApp


Whatsapp floating

Receba as notificações pelo Whatsapp

Quero me cadastrar Close whatsapp floating