Cidades

Colapso na saúde do RN: Justiça cobra relatório urgente do governo em até 15 dias

Hospitais do RN enfrentam falta de insumos essenciais, e a Justiça pode aplicar multas se o governo não cumprir a determinação. - Divulgação
A juíza determina que o governo apresente relatório sobre a crise na saúde pública em até 15 dias, incluindo dados sobre insumos e medicamentos  |   BNews Natal - Divulgação Hospitais do RN enfrentam falta de insumos essenciais, e a Justiça pode aplicar multas se o governo não cumprir a determinação. - Divulgação
Dani Oliveira

por Dani Oliveira

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Publicado em 28/08/2025, às 08h53



A crise que atinge a rede hospitalar do Rio Grande do Norte ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (27). A juíza Maria Cristina Menezes de Paiva Viana, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Natal, determinou que o governo estadual entregue, no prazo de 15 dias, um relatório completo com dados sobre a situação da saúde pública.
Segundo a decisão, a gestão estadual precisa apresentar:
• a lista de medicamentos e insumos em falta;
• o nível de abastecimento de cada unidade hospitalar;
• o montante necessário para regularizar os estoques;
• e um plano de ação válido para os próximos 90 dias.
A medida atende a uma manifestação do Ministério Público do RN (MPRN), que alertou para um cenário de desabastecimento grave e queda drástica nos investimentos da área.
Além da falta de medicamentos e insumos, muitos hospitais enfrentam também a superlotação, como é o caso do Walfredo Gurgel.
Além da falta de medicamentos e insumos, muitos hospitais enfrentam também a superlotação, como é o caso do Walfredo Gurgel.
Recursos em queda
Dados do MPRN revelam que as despesas pagas com saúde caíram 68% no primeiro semestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024.
• Ano passado: R$ 988,1 milhões pagos.
• Este ano: R$ 314,7 milhões, queda de R$ 673,3 milhões.
Outros números também agravam o quadro:
• Redução de 26,63% nos empenhos, déficit de R$ 395 milhões.
• Fundo Estadual de Saúde deixou de receber R$ 141 milhões.
• O estado aparece na penúltima posição nacional em investimentos próprios em saúde, conforme o Siops.
Confira a situação crítica dos principais hospitais
A rede estadual, composta por 21 hospitais, enfrenta falta generalizada de insumos:
• Hospital Walfredo Gurgel: dívida de R$ 11 milhões e carência de itens básicos como luvas, álcool, lençóis e medicamentos — que muitas vezes têm sido comprados por familiares.
• Hospital José Pedro Bezerra (Santa Catarina): em janeiro, ruptura de estoques em 41,33% dos itens.
• Hospital João Machado: leitos bloqueados por falta de condições mínimas.
• Hospital Maria Alice Fernandes: sete leitos de UTI neonatal e pediátrica suspensos.
• Hemonorte: pediu 41 itens à Unicat, mas recebeu apenas 9 e precisou recorrer a outros estados.
Hospital Maria Alice Fernandes, na zona Norte de Natal, que enfrenta problemas com leitos de neonatal.
Hospital Maria Alice Fernandes, na zona Norte de Natal, que enfrenta problemas com leitos de neonatal.
O desabastecimento inclui antibióticos de alto risco, anestésicos, analgésicos, ventiladores e materiais básicos, provocando aumento de infecções hospitalares, mortalidade e tempo de internação.
Decisão judicial
Na decisão, a juíza rejeitou a realização de audiência de conciliação, alegando que seria “improdutiva sem elementos concretos”. Ela ainda advertiu que, em caso de descumprimento, poderá determinar a suspensão de pagamentos não essenciais e aplicar multas pessoais aos gestores responsáveis.
O caso tem origem em uma Ação Civil Pública de 2012, que resultou em sentença definitiva em 2023 obrigando o Estado a regularizar insumos. Três anos depois, a Justiça avalia que o problema não apenas persiste, mas se agravou.
O Estado permanece sistematicamente omisso, não apresentando sequer informações básicas sobre as providências adotadas para cumprimento das ordens judiciais”, destacou a magistrada.
O que diz o governo
Em resposta, a Secretaria de Saúde do RN (Sesap) admitiu a queda nos repasses, mas informou que está recompondo os estoques com pagamentos emergenciais e negociações com fornecedores. A pasta afirma ainda que acompanha os níveis de insumos diariamente e, em casos críticos, utiliza requisições administrativas.

Classificação Indicativa: Livre

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