Política
Publicado em 27/08/2025, às 13h54 Imagem: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil Giovana Gurgel
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta terça-feira (27) a regulamentação da TV 3.0, tecnologia que promete transformar a televisão aberta e gratuita no Brasil. A novidade está prevista para estrear já durante a Copa do Mundo de 2026, no México, com transmissões em grandes capitais.
O sistema funcionará de forma semelhante aos serviços de streaming, mas sem custo de assinatura. A proposta é oferecer som e imagem em altíssima qualidade, além de recursos de interatividade, escolha de programação e até compras pela própria televisão.
Países como Estados Unidos e Coreia do Sul já utilizam a tecnologia, mas sua chegada à América do Sul é inédita.
De acordo com o Ministério das Comunicações, a internet não será obrigatória, mas quem estiver conectado terá acesso a mais serviços, incluindo comércio eletrônico e maior interação com conteúdos. Para ampliar a experiência, o governo também pretende reforçar a cobertura do 4G no país.
O processo de migração para a TV 3.0 será escalonado, começando nas capitais e podendo se estender por até 15 anos, devido às desigualdades regionais no acesso à tecnologia. Durante esse período, os sistemas atual e novo vão coexistir.
Para os consumidores, o sinal seguirá gratuito, mas pode ser necessário adquirir conversores, hoje avaliados em cerca de R$ 400. O governo afirma acompanhar a produção dos aparelhos para garantir acesso democrático.
O salto tecnológico vai elevar a qualidade da imagem de FullHD para 4K e até 8K, além de som comparável ao de cinema, com até dez canais de áudio personalizados. Também haverá recursos para acessibilidade, como legendas customizáveis, audiodescrição, gerador de Libras e intérprete simultâneo em vídeo.
A TV 3.0 deve ampliar o leque de possibilidades para emissoras e telespectadores. Canais poderão oferecer câmeras exclusivas em transmissões esportivas ou reality shows, conteúdos sob demanda e publicidade interativa.
O governo ainda prevê integração com serviços públicos por meio de uma plataforma digital comum, permitindo acesso direto a políticas e programas sociais pela televisão.
A iniciativa foi celebrada por executivos de grandes emissoras, como Globo, Record, SBT, Band, RedeTV! e Rede Vida, que estiveram presentes no lançamento em Brasília.
O ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, destacou que a mudança fortalece a comunicação pública, protege a democracia e dá escala à produção cultural nacional.
Apesar da assinatura histórica, Lula não discursou, limitando-se a agradecer colaboradores, em um dia marcado pelo enterro de seu irmão. Coube ao ministro da Secom, Sidônio Palmeira, ressaltar a relevância da TV aberta no cotidiano dos brasileiros, lembrando que a população passa, em média, cinco horas por dia diante da tela.
Para Flávio Lara, presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, a TV 3.0 inaugura uma revolução, mantendo a gratuidade da TV aberta, mas trazendo modelos de negócios antes restritos à internet. “De graça hoje, de graça sempre”, declarou.