Política
Publicado em 02/10/2025, às 08h32 Foto: Reprodução. Sammara Bezerra
Nove auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) deixaram seus cargos, como forma de protesto contra a decisão do ministro Luiz Marinho de rever uma investigação que poderia colocar a JBS Aves, do grupo J&F, na “lista suja” de empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão.
O anúncio das demissões foi feito no dia 25 de setembro, durante uma reunião da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (Conatrae), conforme o Antagonista. Os auditores ocupavam cargos de coordenação regional no combate ao trabalho escravo.
Segundo a ONG Repórter Brasil, a ausência de um coordenador regional não impede as operações de resgate, mas atrasaria e prejudicaria o planejamento das ações da pasta.
O caso tem origem em dez trabalhadores resgatados em dezembro de 2024 em Arvorezinha, no Rio Grande do Sul, que atuavam em uma empresa terceirizada carregando e descarregando cargas para a JBS Aves. De acordo com os relatórios do Ministério, os turnos de trabalho chegavam até 16 horas e alojamentos não tinham água potável.
Em agosto de 2025, os fiscais concluíram que a JBS deveria ser responsabilizada por não fiscalizar a empresa terceirizada, o que poderia levar à inclusão da companhia na “lista suja” por dois anos, impactando sua reputação e limitando acesso a empréstimos em bancos.
Com aval da Advocacia-Geral da União (AGU), o ministro Luiz Marinho decidiu rever a investigação, alegando que a inclusão da JBS Aves na lista teria “repercussão econômica e jurídica de ampla magnitude”, afetando o setor em nível nacional.
O presidente da Agitra (Associação Gaúcha dos Auditores Fiscais do Trabalho), Renato Barbedo Futuro, afirmou que a decisão causa “profunda estranheza e preocupação”.
Em nota, a JBS disse que rescindiu o contrato com a empresa terceirizada e que mantém “tolerância zero com violações de práticas trabalhistas e de direitos humanos”.