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França tenta influenciar sucessão no Vaticano, dizem jornais

Após a morte do papa, Macron se reúne com cardeais franceses, levantando rumores sobre sua intenção de influenciar o próximo papa  |  Reportagem do Le Monde revela ações discretas de Macron e Sant’Egidio para apoiar candidatos ao papado após a morte de Francisco. - Reprodução/Getty Images

Publicado em 03/05/2025, às 17h05   Reportagem do Le Monde revela ações discretas de Macron e Sant’Egidio para apoiar candidatos ao papado após a morte de Francisco. - Reprodução/Getty Images   Aryela Souza

Uma reportagem publicada nesta quinta-feira (1º) pelo jornal francês Le Monde aponta que o presidente Emmanuel Macron e o movimento católico Sant’Egidio estariam atuando discretamente para apoiar seus candidatos favoritos ao pontificado.

A Comunidade de Sant’Egidio, próxima ao papa Francisco, é conhecida por seu trabalho de mediação de conflitos, ajuda humanitária e atuação diplomática, especialmente na África.

Desde a morte do papa, em 21 de abril, veículos de imprensa ligados ao governo da primeira-ministra italiana de extrema-direita, Giorgia Meloni, vêm especulando sobre uma suposta estratégia de Macron para influenciar o conclave. O Le Monde investigou essas alegações, inicialmente levantadas por jornais conservadores da Itália.

O diário La Verità, por exemplo, estampou a manchete: “Macron quer até escolher o papa”, enquanto o Libero destacou: “Macron se intromete até no conclave”. Já o jornal Il Tempo classificou a suposta ação como “intervencionismo digno de um Rei-Sol moderno”, em alusão ao monarca francês Luís XIV.

Segundo a reportagem, as especulações começaram após um almoço realizado em 26 de abril, na embaixada da França junto à Santa Sé. Na ocasião, Macron reuniu-se com quatro dos cinco cardeais franceses eleitores: Jean-Marc Aveline (arcebispo de Marselha e cotado como papabile), François Bustillo, Christophe Pierre e Philippe Barbarin. A reunião aconteceu logo após os funerais de Francisco e foi interpretada por parte da imprensa italiana como uma campanha velada em favor de um papa francês.

As teorias se intensificaram ainda mais após um jantar entre Macron e Andrea Riccardi, fundador da comunidade Sant’Egidio, no restaurante Dal Bolognese, em Roma.

Entre os possíveis nomes apoiados pela França está o cardeal Matteo Zuppi, arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana. Ligado à Sant’Egidio e próximo do papa Francisco, Zuppi é conhecido por defender migrantes e criticar reformas constitucionais promovidas pela coalizão de direita de Meloni. Essa afinidade com o governo francês alimentou rumores sobre seu suposto apoio no conclave — o que seria contrário aos interesses italianos.

Na quarta-feira (30), o jornal liberal Il Foglio ironizou o suposto “grande complô” de Macron, atribuindo a narrativa a aliados de Meloni, que preferem candidatos mais conservadores. Representantes da Sant’Egidio negam qualquer conspiração, afirmando que Macron “apenas busca compreender o processo, não influenciá-lo”.

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