Política
Publicado em 20/07/2025, às 14h14 Em transmissão ao vivo, Eduardo Bolsonaro critica decisões do STF e defende a anistia para seu pai, Jair Bolsonaro - AFP Gabi Fernandes
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou neste domingo (20) que não pretende renunciar ao mandato, mesmo após o fim da licença de 120 dias que tirou em março deste ano para morar nos Estados Unidos. O parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, havia alegado perseguição política como motivo para o afastamento temporário de suas funções na Câmara dos Deputados.
Segundo o Regimento Interno da Casa, a ausência prolongada pode resultar em perda de mandato por faltas injustificadas. No entanto, durante uma transmissão ao vivo em suas redes sociais, Eduardo declarou que conseguirá "levar o mandato por mais três meses" e reafirmou que não abrirá mão do cargo.
“Eu não vou fazer nenhum tipo de renúncia. Se eu quiser, eu consigo levar meu mandato, pelo menos, até os próximos três meses”, afirmou.
Investigação
Eduardo Bolsonaro é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta atuação junto ao governo dos Estados Unidos para pressionar autoridades brasileiras, incluindo ministros do STF, e tentar interferir no andamento da ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado em 2022 — processo no qual seu pai, Jair Bolsonaro, é réu.
Na mesma live, o deputado voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e ironizou a suspensão de vistos de autoridades brasileiras promovida pelo governo de Donald Trump, nos EUA. Ele também comentou a decisão recente de Moraes, que determinou a inclusão de entrevistas e postagens recentes de Eduardo nas redes sociais como parte do inquérito.
“O cara que se diz ofendido [Moraes], ele pega e junta no processo que ele abriu. O cara que vai me julgar, ele vai ver o que eu faço na rede social. Então, você da Polícia Federal que está me vendo, um forte abraço. A depender de quem for, está sem visto”, disse, em tom provocativo.
Eduardo também saiu em defesa do pai e reforçou a necessidade de anistia para Jair Bolsonaro. “É para entender que não haverá recuo. Não estou aqui para achar meio-termo. Estou disposto a ir às últimas consequências”, declarou.
Nova operação
Na última sexta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma nova operação da Polícia Federal, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A medida impôs a Bolsonaro o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica e o recolhimento domiciliar noturno, entre 19h e 6h, todos os dias. A decisão foi motivada por indícios de risco de fuga identificados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em meio às investigações sobre sua suposta participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A operação também incluiu mandados de busca e apreensão cumpridos na residência de Bolsonaro, no bairro Jardim Botânico, em Brasília, e no escritório do Partido Liberal (PL), sua legenda. Durante as buscas, foram apreendidos celulares, um pen drive escondido em um vaso e aproximadamente R$ 8 mil em espécie, além de US$ 12 mil em moeda americana.
Além da tornozeleira e do toque de recolher, o ex-presidente está proibido de usar redes sociais, manter contato com outros investigados — incluindo seu filho Eduardo Bolsonaro —, visitar representações diplomáticas ou se aproximar de embaixadas. Ele também está impedido de deixar o Distrito Federal sem autorização judicial.
As restrições têm como objetivo impedir tentativas de obstrução da Justiça e garantir o andamento do processo que apura sua atuação no suposto plano para reverter o resultado das eleições.