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[VÍDEO] Veja momento em que a ex-vice-prefeita de João Dias é capturada no Paraguai junto a outros suspeitos de homicídio

O caso do assassinato do prefeito de João Dias levantou suspeitas de motivação política e envolvimento de aliados da gestão municipal  |  Os detidos são acusados de envolvimento no assassinato do prefeito Marcelo Oliveira, ocorrido em agosto de 2024. - Divulgação

Publicado em 22/08/2025, às 08h56   Os detidos são acusados de envolvimento no assassinato do prefeito Marcelo Oliveira, ocorrido em agosto de 2024. - Divulgação   Dani Oliveira

Imagens divulgadas nesta quinta-feira (21) registraram o momento em que Damária Jácome, ex-vice-prefeita de João Dias (RN), foi conduzida para a delegacia de Foz do Iguaçu (PR) ao lado da irmã e de outro investigado. O trio havia sido localizado em Ciudad del Este, no Paraguai, após meses em fuga.
A captura fez parte de uma operação internacional articulada entre a Polícia Federal, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Foz do Iguaçu e a Polícia Nacional do Paraguai, por meio do comando Tripartido que atua na região de fronteira. Três mandados de prisão foram cumpridos no total.
Entre os detidos estão:
• Damária Jácome de Oliveira, que era vice-prefeita de João Dias e filiada ao Republicanos na época do crime;
• Leidiane Jácome de Oliveira, vereadora e irmã de Damária;
• Weverton Claudino Batista, apontado como participante direto na trama criminosa.
Todos estavam foragidos desde agosto de 2024, quando o prefeito Marcelo Oliveira de Araújo foi executado.

Como começou a disputa que teria levado ao crime?

formaram chapa vitoriosa em João Dias, ocupando, respectivamente, os cargos de prefeito e vice-prefeita. Cada um representava famílias tradicionais da cidade: Marcelo era filho de Sandi Oliveira, enquanto Damária era filha do vereador Laete Jácome.

Na eleição municipal de 2020, Marcelo Oliveira e Damária Jácome.

Investigações já apontavam Laete em casos envolvendo milícia privada. Durante aquela campanha eleitoral, ele acabou preso em flagrante por posse ilegal e receptação de armas. Na mesma época, Damária chegou a ser considerada foragida da polícia.

A administração municipal mudou de comando apenas sete meses após a posse, quando Marcelo solicitou afastamento e Damária assumiu em julho de 2021.

Dois anos depois, em 2022, o prefeito afastado declarou à Justiça que havia sido coagido pela vice e por familiares dela a deixar o cargo. Em outubro, a desembargadora Maria Zeneide Bezerra, do Tribunal de Justiça do RN, determinou o retorno imediato de Marcelo à prefeitura.

Já em dezembro de 2022, tanto Damária quanto Laete foram afastados e tiveram mandados de prisão expedidos. À época, ambos negaram qualquer prática de extorsão, alegando que Marcelo teria renunciado por decisão própria.

Conforme a Polícia Civil, a denúncia apresentada por Marcelo e sua volta ao cargo acirraram o clima de rivalidade entre os dois grupos familiares.

A ex-vice prefeita Damária e Marcelo.

De acordo com o delegado Alex Wagner, os Jácome culpavam o prefeito pela morte de dois irmãos em confronto policial na Bahia, além da prisão de um terceiro em 2022. Todos possuíam mandados de prisão por tráfico de drogas.

Eles começaram a imputar a Marcelo, que estava entregando a localização dessas pessoas. Além de que houve a apreensão de um fuzil na cidade, que também se imputava que Marcelo teria entregue (a localização)”, disse o delegado.

O patriarca Laete faleceu de causas naturais no primeiro semestre de 2024.

Como foi planejado o crime?

As investigações apontaram que um pastor de 27 anos participou da preparação do assassinato de Marcelo e de seu pai, Sandi Oliveira. Na operação policial de sexta-feira (27), que cumpriu seis mandados de prisão e outros seis de busca em João Dias, Patu e Marcelino Vieira, o pastor foi capturado.

Segundo o delegado Alex Wagner, o religioso ajudava o grupo de mandantes a identificar o local mais adequado para a execução. A própria igreja chegou a ser cogitada como cenário.

A questão do pastor é que ele ajudava na logística do crime, de encontrar o melhor local pra cometer o crime, o momento mais adequado”, explicou o delegado.

“Foi cogitado, inclusive, cometer durante o culto onde o Marcelo [prefeito] visitava, porque era o momento que ele estava vulnerável, exposto”.

Como ocorreu o ataque?

Embora fosse conhecido como Marcelo Oliveira, o nome de batismo do prefeito era Francisco Damião de Oliveira, de 38 anos.

No dia 27 de agosto, por volta das 11h, ele e o pai visitavam casas de apoiadores no conjunto São Geraldo, em João Dias, quando foram surpreendidos por criminosos em dois veículos, que abriram fogo. Um segurança do gestor também acabou atingido.

O pai, Sandi Alves de Oliveira, de 58 anos, morreu ainda no local. Marcelo foi socorrido e levado a um hospital em Catolé do Rocha (PB), mas não resistiu aos 11 disparos confirmados pela polícia.

Força-tarefa para capturar os envolvidos

Logo após o atentado, as forças de segurança do Rio Grande do Norte montaram uma força-tarefa para capturar os envolvidos. Além de quatro executores, outras dez pessoas foram presas sob suspeita de elaborar um plano de vingança pelo homicídio.

Com o andamento das investigações, mais dois possíveis executores foram detidos. Um outro homem, localizado morto em área de mata, também foi apontado como participante da ação criminosa — a polícia acredita que ele foi atingido no mesmo dia do assassinato.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do RN concluiu o inquérito indiciando oito pessoas como autores diretos do ataque e cinco como mentores intelectuais, “além de 10 pessoas já indiciadas por formação de milícia”. Entre os cinco mandantes, somente o pastor permanece preso.

Quem eram as vítimas?

A trajetória política de Marcelo começou em 2008, quando foi eleito vereador, cargo em que permaneceu também após a eleição de 2012. Em 2016, tentou o posto de prefeito, mas só conquistou o cargo quatro anos depois, em 2020.

Foto postada por Marcelo nas redes sociais junto com o pai Sandi.

O pai, Sandi Alves de Oliveira, de 58 anos, também já havia sido vereador e era considerado por Marcelo sua principal inspiração na vida pública.

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