Polícia
Publicado em 31/07/2025, às 07h24 O MPRN investiga movimentações financeiras suspeitas e busca enfraquecer a capacidade financeira de organizações criminosas. - Divulgação Dani Oliveira
A Operação Vereda Grande foi deflagrada nesta quinta (31) pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte. O objetivo é desarticular um grande esquema de lavagem de dinheiro que envolve uma organização criminosa com atuação não só no Estado mas também no sudeste do país. No total, oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Natal e Assu; e ainda, outro em São Paulo capital.
O organização criminosa alvo da ação teria ligação direta com a facção Sindicato do Crime, desenvolvendo atividades de lavagem de dinheiro.
Como agia a organização criminosa
O grupo utilizava contas bancárias de interpostas pessoas, os chamados “laranjas”, para movimentar e ocultar valores obtidos com atividades ilícitas, principalmente o tráfico de drogas. A análise dos dados bancários revelou transações financeiras milionárias incompatíveis com a capacidade econômica dos investigados.
A ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRN busca atingir o núcleo financeiro da organização criminosa, enfraquecendo sua capacidade de financiar atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e a compra de armas.
A estratégia adotada pelo Ministério Público
O MPRN iniciou a apuração para desmantelar o braço financeiro da organização criminosa, buscando cessar a dissimulação de ativos provenientes das atividades do grupo.
A investigação constatou que os suspeitos não possuíam renda lícita ou apresentavam rendimentos formais muito baixos que não justificavam as altas quantias movimentadas em suas contas, o que levantou fortes indícios da prática de lavagem de dinheiro para a organização criminosa.
A operação Vereda Grande é um desdobramento da operação Sentinela, também do MPRN, que investigava a atuação de uma mulher, já denunciada por integrar a mesma facção criminosa.
Foi a partir de um Relatório de Informações Patrimoniais produzido na Sentinela que se descobriu uma transação suspeita entre ela e um investigado na operação Vereda Grande, no valor de mais de R$ 300 mil em apenas dois meses, dando origem à nova apuração.
O que as investigações apontam
Que a conta bancária desse homem era uma das principais no esquema, sendo utilizada por terceiros para as atividades da organização criminosa. Familiares dele também são investigados por envolvimento, pois compartilhavam o mesmo e-mail e endereço de cadastro e realizaram diversas transações suspeitas. Outras pessoas também são investigadas e foram alvos dos mandados.
A desproporção financeira dos investigados ficou evidente nos autos. O homem apontado como cabeça desse esquema, que já teve passagem pelo sistema prisional e não possui fonte de renda lícita registrada, movimentou mais de R$ 1,1 milhão entre janeiro de 2022 e fevereiro de 2024.
No mesmo período, uma outra investigada, com renda declarada de aproximadamente R$ 1.600, transacionou um total superior a R$ 1,3 milhão. Outros investigados também eram beneficiários de programas sociais do Governo Federal, como o Auxílio Emergencial e o Bolsa Família.
Quem participou da operação e o que foi apreendido até agora
A ação contou com o apoio da Polícia Militar potiguar e do Ministério Público e das Polícia Civil de São Paulo. O cumprimento dos mandados da Operação Vereda Grande contou com a participação de dois promotores de Justiça do MPRN, 11 servidores do MPRN e o apoio de 20 policiais militares do Rio Grande do Norte.
Foram apreendidos dinheiro, equipamentos eletrônicos, cartões de crédito e documentos. O material apreendido será a analisado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)com o objetivo de aprofundar as provas sobre o esquema de lavagem de capitais, identificar outros possíveis integrantes do grupo criminoso e delimitar a responsabilidade de cada investigado.