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Publicado em 26/06/2025, às 08h34 Foto: Reprodução. Redação
Mais de 50% dos brasileiros preferem trabalhar por conta própria a ter emprego formal. É o que aponta uma pesquisa divulgada pelo Datafolha. De acordo com o Instituto, a tendência é mais forte entre jovens e pessoas com maior renda, e revela uma mudança no perfil do trabalhador brasileiro.
O levantamento foi feito entre os dias 10 e 11 de junho com 2.026 pessoas ouvidas em 136 municípios de todo o país.
Jovens lideram preferência pelo trabalho autônomo
Os dados demonstram que 39% dos entrevistados se sentem mais confortáveis com o emprego formal, enquanto 31% se dizem dispostos a trabalhar sem registro se ganharem mais. Já na faixa etária de 16 a 24 anos, a preferência pelo trabalho por conta própria é mais acentuada.
Outros 68% dos jovens disseram que preferem ser autônomos, enquanto apenas 28% disseram preferir um vínculo empregatício com carteira assinada.
Segundo o contador Daniel Carvalho, diretor da Rui Cadete, os dados evidenciam uma transição de percepção geracional sobre estabilidade, mas acendem o alerta.
“Empreender é um passo importante, mas que demanda muito mais do que uma boa ideia ou vontade de ser independente. O trabalhador que opta por atuar como autônomo precisa entender que está assumindo responsabilidades tributárias, financeiras e legais”, explica.
Mudança de visão também atinge os mais velhos
Já entre os entrevistados com mais de 60 anos, 50% afirmaram preferir trabalhar por conta própria, contra 45% que ainda valorizam o modelo CLT. Outra mudança apontada pelo Datafolha é a queda no número de pessoas que priorizam o emprego formal, ainda que isso signifique ganhar menos.
Em 2022, 77% dos entrevistados preferiam a segurança da carteira assinada mesmo com remuneração inferior; agora são 67%.
“O que vemos no dia a dia é que, em meio aos salários baixos e a falta de oportunidades, muita gente ainda opta pelo empreendedorismo, mesmo desconhecendo os passos necessários para formalizar sua atividade, organizar receitas e despesas e manter a regularidade fiscal. Muitas vezes, só procuram uma assessoria profissional, como a de um contador, quando enfrentam problemas com a Receita Federal ou quando precisam de crédito”, destaca Daniel.
Iniciativas como o Microempreendedor Individual (MEI) e o Simples Nacional podem facilitar o processo de formalização, mas, de acordo com o diretor da Rui Cadete, mesmo estes precisam de orientação especializada.
“Ser MEI ou optante pelo Simples não significa estar totalmente isento de obrigações. Há limites de faturamento, regras específicas e a necessidade de manter organização financeira. Quem ignora essas questões pode acabar tendo problemas”, encerra.