Negócios
Publicado em 01/10/2025, às 11h13 Com investimento médio de R$ 30 mil, produtores podem aumentar faturamento em até cinco vezes ao investir na produção de queijos artesanais. - Divulgação Dani Oliveira
O mercado de queijos artesanais do Rio Grande do Norte dá um novo salto de visibilidade na 63ª Festa do Boi, maior evento agropecuário do estado, que acontece de 10 a 18 de outubro, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim.
A Associação de Empreendedores do Leite (Empreleite) vai apresentar um estande colaborativo reunindo produtores, parceiros e marcas premiadas que estão transformando o leite potiguar em produto de alto valor agregado.
A estratégia confirma um movimento de reposicionamento do setor: em vez de depender da venda do leite in natura, com margens cada vez menores, produtores têm apostado na industrialização artesanal como caminho de sobrevivência e crescimento econômico.
Do litro de leite ao queijo premiado
Fundada em 2022, a Empreleite atua como incubadora de negócios para pequenos produtores. O presidente da entidade, Marinho de Sousa, explica que, com um investimento médio de R$ 30 mil, é possível montar uma queijeira artesanal legalizada e aumentar até cinco vezes o faturamento em relação à venda de leite cru.
“Nosso trabalho é mostrar que o produtor tem potencial para transformar o leite em renda. A pequena escala, com pouca mão de obra e baixa tecnificação, não se sustenta apenas vendendo leite. O queijo é a saída mais viável para manter a atividade e conquistar novos mercados”, afirma.
A associação adota regras mais rigorosas que a legislação estadual, exigindo, por exemplo, que o leite seja do próprio rebanho do produtor. Isso garante maior controle sanitário e qualidade desde a ordenha até a maturação.
Estrutura e suporte empresarial
Além de orientação técnica, a Empreleite acompanha os associados em todo o processo de formalização e gestão do negócio: projeto da queijeira, aprovação em órgãos competentes, certificação do rebanho, registro dos produtos e estratégias de comercialização.
“Não entregamos apenas uma estrutura física, mas um modelo de negócio sustentável. Caminhamos com o produtor em todas as etapas, inclusive na validação de seus queijos junto ao mercado”, reforça Marinho.
Exemplos de sucesso
Os resultados já aparecem em premiações nacionais. A produtora Micarla Fernandes, da Fazenda Lima (São Pedro), conquistou Superouro no Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados (ENEL) com um queijo maturado no café Jaçanã, unindo duas tradições potiguares em um produto único.
Produzimos apenas 110 litros por dia, mas a aposta na maturação mudou nosso posicionamento de mercado. Hoje, 80% da produção é de queijos maturados, e a demanda cresce a cada mês”, relata Micarla.
Outro exemplo é a Fazenda Barreiras, em Encanto, liderada por Manacés Leite, que começou com 14 litros de leite e hoje processa 400 litros diários, mantendo o próprio rebanho. Seus queijos coalho colecionam medalhas em todas as competições que participou.
“A Empreleite nos deu estrutura e credibilidade para crescer. Nossos queijos ganharam reconhecimento e abriram portas em novos mercados”, afirma.
Mercado em expansão
A loja colaborativa da Empreleite na Festa do Boi será vitrine para esses e outros empreendimentos.
Além dos queijos, o espaço reunirá cafés especiais, geleias e biscoitos artesanais, reforçando o conceito de terroir potiguar e criando oportunidades de negócios para pequenos empreendedores locais.
Para especialistas do setor, a iniciativa posiciona o RN como polo de queijos artesanais no Nordeste, combinando tradição rural com inovação de mercado.
O potencial é promissor: enquanto o litro de leite sofre com a volatilidade de preços, os queijos artesanais ganham espaço no consumo premium e já competem em prateleiras nacionais.