Negócios
Publicado em 25/08/2025, às 20h36 Foto: André Stuckert. Sammara Beatriz
A movimentação econômica no ramo da fruticultura do Rio Grande do Norte deve crescer até 15% na safra 2025/2026, segundo representantes da cadeia produtiva. Atualmente, o setor emprega milhares de trabalhadores e exporta melão, melancia, mamão, manga e outras frutas para mercados na Europa e nas Américas.
Em Mossoró, a 32ª edição da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada (Expofruit) reuniu cerca de 40 mil visitantes entre os dias 20 e 22 de agosto e deve consolidar uma movimentação de quase R$ 90 milhões em negócios realizados durante e após o evento.
Com mais de 300 expositores e rodadas internacionais de negócios, a edição 2025 reforçou o papel do Estado como exportador nacional de frutas. Além da exposição na Estação das Artes, o evento contou com uma programação científica, que ocorreu na Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa).
A Expofruit 2025 contou com a presença de lideranças do setor e autoridades públicas, que traçaram perspectivas de produção e infraestrutura logística para sustentar o crescimento na nova safra.
“Os produtores se sentem ainda um pouco isolados da universidade e eu acho que a Expofruit traz essa coisa da gente cada vez mais aproximar e dialogar os saberes, que é o nosso saber mais científico com o saber técnico do produtor. Isso é extremamente importante”, comentou Nildo Dias, vice-reitor da Ufersa.
Um dos destaques da programação da Expofruit foi a visita à fazenda da Agrícola Famosa, conhecida como a maior exportadora de melão do Brasil. Na unidade central, localizada entre os estados do Rio Grande do Norte e do Ceará, são mais de dois mil hectares de área plantada, abastecendo mercados nacionais e internacionais.
“A nossa região é agrícola. A Agrícola Famosa é uma das empresas pioneiras na produção de melão e uma empresa que acho que tem uma certa relevância no cenário agrícola. A gente emprega mais de 6.000 pessoas, então existe uma grande importância para a economia do Rio Grande do Norte e do Brasil”, avalia Richard Muller, diretor operacional da Agrícola Famosa.
Segundo Muller, a previsão é que de cerca de 300 mil toneladas sejam exportadas nesta temporada somente pela Agrícola Famosa, destacando o terminal potiguar como um dos polos fruteiros nacionais.
Apesar da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos para alguns produtos brasileiros, o setor de fruticultura garante que a expectativa é de crescimento das exportações de frutas potiguares, ao final de 2025; ainda maior que o recorde alcançado em 2024.
De acordo com Jorge de Souza, diretor técnico da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), "chegaremos ao final do ano com recorde nas exportações”.
“Estamos mandando fruta lá com 50% de tarifa, porque os setores privados colocaram os interesses da sociedade em consumir um produto que ela não tem numa época do ano, e no caso da nossa, de gerar recursos, de gerar riqueza para o nosso país, e nos acertamos. Eu acho que esse tem que ser o espírito. Gostar do Brasil é gostar do Brasil como um todo. A urna de 2026 fica para depois", afirmou.
No segundo dia da Expofruit 2025, o Sebrae RN – parceiro do evento – realizou dois lançamentos inéditos para impulsionar o agronegócio potiguar: o Desafio ELI Agro, que conecta talentos e soluções inovadoras aos desafios do campo, e o Hub de Inovação da Agropecuária do RN – PotiAgro, espaço colaborativo de apoio a startups, empreendedores e produtores.
Franco Marinho, gestor de fruticultura do Sebrae/RN, destacou a ação.
“A gente está aqui trazendo, aproximando o pequeno produtor desse processo que é extremamente importante para o desenvolvimento do estado do Rio Grande do Norte”, afirma.
Para Mona Nóbrega, gerente da Unidade de Desenvolvimento Rural do Sebrae, "essa é uma iniciativa local do agronegócio potiguar para incentivar conexões entre produtores rurais, startups e universidades, a fim de resolver os desafios da agropecuária do nosso estado com mais tecnologia e inovação".
Já no que se refere às oportunidades de internacionalização, Anderson Dib, especialista de agronegócio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), resume o alcance da rodada.
“A gente teve bastante adesão de empresas em todo o território nacional nessas ações. É uma repercussão muito boa em nível de satisfação, tanto das empresas brasileiras, quanto dos compradores dos 13 países estrangeiros que estão aqui conosco”, relata.
Entre os representantes estrangeiros, estiveram Chile, Rússia e Índia.
Nos debates realizados na Ufersa, a orientação foi diversificar mercados e acelerar a adoção de tecnologia nas produções, para assim transformaro bom momento em trajetória sustentada de crescimento para a fruticultura potiguar.