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MPF pede cancelamento das concessões da Jovem Pan e multa de R$ 13,4 milhões; entenda

Segundo o MPF, a cobertura jornalística realizada pela Jovem Pan em 2022, ano de eleição no Brasil, esteve alinhada a campanhas de desinformação  |  Ainda com o que foi relatado pela acusação, programas da rádio “ultrapassaram os limites constitucionais” da liberdade de imprensa - Divulgação/Jovem Pan

Publicado em 15/09/2025, às 16h18   Ainda com o que foi relatado pela acusação, programas da rádio “ultrapassaram os limites constitucionais” da liberdade de imprensa - Divulgação/Jovem Pan   José Nilton Jr.

De acordo com o que foi relatado pelo Ministério Público Federal (MPF), a emissora Jovem Pan “não é digna” das concessões de rádio que possui atualmente. A afirmação foi feita nas alegações finais de uma ação civil pública que tramita na 6ª Vara Cível Federal de São Paulo.

Na ação, o Ministério Público pede que a Justiça Federal cancele as autorizações de radiodifusão da Jovem Pan, além do pagamento de R$ 13,4 milhões em indenização por danos morais coletivos por parte da emissora. O processo começou em junho de 2023 e está em fase de julgamento.

De acordo com o procurador da República (com atuação no MPF) Yuri Corrêa da Luz, a emissora “demonstrou ser indigna da confiança que lhe foi depositada” e “ajudou de maneira contínua e diversificada na radicalização do debate público”.

Quatro eixos de ilegalidades

O Ministério Público alega que a Jovem Pan atuou em quatro frentes que são consideradas ilegais:

  1. comprometer a confiança nas instituições democráticas;
  2. incitar a desobediência à lei e às decisões da Justiça;
  3. estimular a insubordinação das Forças Armadas;
  4. e fomentar a subversão da ordem política e social.

Segundo o MPF, a cobertura jornalística realizada pela rádio em 2022, que foi ano da eleição presidencial no Brasil, esteve alinhada a campanhas de desinformação, fazendo com que a confiança de parte da população no processos democráticos do Brasil diminuisse.

Contexto político

As alegações do Ministério Público foram divulgadas após a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados por conspiração golpista.

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De acordo com o procurador, a emissora foi “peça chave” nesse cenário, funcionando como “principal plataforma” para discursos que “prepararam o terreno para as ações golpistas”.

Ainda com o que foi relatado pela acusação, programas da rádio “ultrapassaram os limites constitucionais” da liberdade de imprensa. O Ministério Público também fundamenta seu pedido no Código Brasileiro de Telecomunicações, que prevê o cancelamento da concessão em casos de abuso.

Defesa contestada

A Jovem Pan argumenta que apenas reproduziu discursos amplamente divulgados por outros veículos de comunicação. O MPF, no entanto, rejeita essa justificativa e cita declarações de comentaristas da rádio.

Na época dos fatos, esses comentaristas defendiam que “o jornalismo da emissora era o único que abordava” determinadas pautas relacionadas às eleições e à política nacional.

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