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Publicado em 07/06/2025, às 16h47 Recomendações incluem proibição de recarga em garagens internas e instalação de estações em áreas externas para garantir a segurança. - Reprodução Gabi Fernandes
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CREA-SE) divulgou uma Nota Técnica alertando para riscos estruturais graves associados à recarga de veículos elétricos em garagens subterrâneas, sob pilotis ou em ambientes fechados de edificações já existentes. Segundo o órgão, essa prática pode causar colapsos parciais ou totais das estruturas.
A nota foi elaborada a pedido do Ministério Público de Sergipe e destaca o perigo representado pelas baterias de íons de lítio, utilizadas em carros elétricos. Em caso de incêndio, essas baterias podem atingir temperaturas superiores a 1.000 °C. O concreto, material comum em construções, perde mais da metade da sua resistência à compressão quando exposto a temperaturas acima de 600 °C, comprometendo a integridade da edificação.
Além disso, incêndios com baterias de lítio apresentam características particulares: são difíceis de apagar, podem se reignitar espontaneamente e liberam calor intenso por longos períodos. A Nota Técnica ressalta que as normas técnicas brasileiras ainda não contemplam adequadamente esse novo cenário, especialmente em construções com alvenaria estrutural.
Proibir a recarga de veículos elétricos em garagens internas de prédios residenciais, comerciais, shopping centers, hospitais, escolas, academias, cinemas, teatros e outros tipos de edificações fechadas.
Instalar estações de recarga em áreas externas e abertas, afastadas das estruturas principais dos edifícios.
Manter distância mínima de 3 metros entre veículos durante a recarga, ou adotar barreiras físicas que impeçam a propagação do fogo em caso de incêndio.
As recomendações devem ser seguidas enquanto não houver atualizações normativas e adaptações estruturais capazes de lidar com os novos riscos decorrentes da popularização dos veículos elétricos.
O presidente do CREA-SE, engenheiro Dilson Luiz de Jesus Silva, reforça a urgência do tema:
“É preciso agir com cautela, pois as edificações não foram projetadas para suportar esse novo tipo de sinistro, que exige resposta técnica e normativa urgente para garantir a segurança coletiva.”
A Nota Técnica é baseada em diversas normas da ABNT, como a NBR 15200 (projeto de estruturas de concreto em situação de incêndio), e serve como referência preventiva para legisladores, síndicos, engenheiros e gestores públicos.