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COP30 autoriza açaí e tucupi após críticas sobre exclusão de alimentos paraenses

Chefs e especialistas celebram a decisão, destacando a importância da gastronomia paraense para o turismo e a economia local  |  COP30 autoriza açaí e tucupi após críticas sobre exclusão de alimentos paraenses - Reprodução

Publicado em 18/08/2025, às 20h38   COP30 autoriza açaí e tucupi após críticas sobre exclusão de alimentos paraenses - Reprodução   Ari Alves

Após críticas recebidas, a organização da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30) alterou o edital para contratação de empresas responsáveis pelos restaurantes nos espaços oficiais do encontro, que ocorrerá em novembro, em Belém. Alimentos típicos da região, como açaí e tucupi, que haviam sido excluídos no texto anterior, agora estão autorizados no evento.

A modificação foi implementada pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) após intervenção do governo federal, por meio do ministro do Turismo, Celso Sabino. Segundo nota da organização, uma errata foi publicada para incorporar a culinária paraense, após análise técnica. O detalhamento do cardápio será definido após a seleção dos fornecedores.

A nota destaca ainda que o edital prioriza empreendimentos coletivos durante a seleção, como cooperativas, associações, redes solidárias e grupos produtivos locais, além de comunidades historicamente ligadas à produção de alimentos sustentáveis e à sociobiodiversidade, incluindo povos indígenas, quilombolas, mulheres rurais, juventudes do campo e demais povos tradicionais.

O documento também prevê que pelo menos 30% do valor total dos insumos adquiridos devem ser provenientes da agricultura familiar.

Polêmica

No início desta semana, a OEI publicou o edital que listava os estabelecimentos que atuariam na COP30. Uma tabela incluía alimentos e bebidas considerados de alto risco de contaminação e, portanto, proibidos nos espaços do evento, como açaí, tucupi, sucos de fruta in natura e maniçoba.

A exclusão de pratos típicos paraenses gerou grande repercussão e críticas de chefs e especialistas em gastronomia. O chef Saulo Jennings, fundador do restaurante Casa do Saulo, criticou a decisão nas redes sociais. “É um crime contra nosso povo, nossa gastronomia e os alimentos que alimentaram nossa ancestralidade, a gente só sobrevive por causa desse alimento”, declarou.

Saulo Jennings possui unidades do Casa do Saulo no Pará, em São Paulo e no Rio de Janeiro, todas voltadas à culinária paraense. Ele foi o primeiro escolhido como Embaixador Gastronômico da ONU Turismo no mundo e, em 2023, na COP28 em Dubai, preparou tacacá, prato feito com tucupi, na abertura do evento.

O chef questionou a proibição e defendeu a imunidade alimentar do povo paraense. “Quer dizer que dentro de casa não posso usar nosso alimento? Faz mal? Nosso povo tem uma imunidade diferente do resto do mundo? Temos órgãos fiscalizadores, como a Vigilância Sanitária, que funcionam. Todas as regras de alimentação estão presentes”, afirmou.

Ele ressaltou que a COP representa uma oportunidade para impulsionar o turismo gastronômico regional e gerar emprego e renda. “Quem vier e provar, vai sair daqui apaixonado”, garantiu.

Seleção

A organização da COP esclareceu em nota que as recomendações do edital valem apenas para os espaços da conferência e não se aplicam a outros locais do município de Belém ou do estado do Pará.

O documento ainda reforça que a definição final do cardápio é responsabilidade da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), incluindo orientações sobre produtos alimentícios, atendendo aos critérios da Vigilância Sanitária nacional e subnacional.

Os cardápios apresentados poderão ser ajustados para atender aos critérios do edital, contemplando diversidade alimentar e segurança dos participantes da conferência.

Classificação Indicativa: Livre


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