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Publicado em 25/06/2025, às 13h15 Atividades lúdicas são fundamentais - Reprodução/Assessoria Redação
Brincar não é apenas um direito da infância, reconhecido pela Unesco, mas uma estratégia essencial para o desenvolvimento integral das crianças. É o que defendem estudos recentes, como o guia “Aprendizagem por meio da Brincadeira”, elaborado pelo UNICEF em parceria com a Fundação LEGO. O documento alerta que uma em cada cinco crianças entre 2 e 4 anos não brinca com seus cuidadores, o que pode impactar negativamente no seu crescimento emocional, social e cognitivo.
O relatório reforça que o lúdico deve ocupar um papel central no processo educativo — não apenas em casa, mas também nas escolas. A ideia é incorporá-lo de forma sistemática nas políticas públicas, práticas pedagógicas e no envolvimento familiar. A abordagem é corroborada por pesquisa da Harvard Graduate School of Education, que mostra que instituições que valorizam o brincar registram maior engajamento dos alunos e índices menores de evasão escolar.
Na prática, algumas escolas já incorporam essa lógica. É o caso da Casa Escola, em Natal, que adota uma proposta construtivista e integra a brincadeira ao currículo de forma planejada. “A infância é o tempo da experimentação. Quando brinca, a criança constrói hipóteses e compreende o mundo ao seu redor”, explica a diretora Priscila Griner. Para ela, o lúdico precisa ser reconhecido como ferramenta pedagógica — não como tempo livre entre conteúdos formais.
Alertas
A educadora também alerta para um problema recorrente: o apagamento gradual do brincar conforme a criança avança na escolarização. “O lúdico quase desaparece do Ensino Fundamental. Isso compromete o prazer de aprender e contribui para o distanciamento entre aluno e escola”, afirma.
Essa preocupação ganha ainda mais relevância diante de propostas como a nova matriz curricular da Secretaria Municipal de Educação de Natal, instituída pela Lei nº 241/2024. A norma transfere para pedagogos as funções e a carga horária antes atribuídas a professores de Educação Física e Artes nos anos iniciais. Para Priscila, a medida enfraquece o espaço da ludicidade na escola pública.
“Muitas vezes, é justamente nessas áreas que a criança encontra espaço para se expressar de forma criativa e corporal. Profissionais dessas disciplinas têm formação específica para promover experiências significativas. Retirá-los do processo reduz a potência educativa da escola”, critica.
Ela ressalta que atividades como oficinas de arte, contação de histórias, música, jogos sensoriais e atividades físicas estimulam múltiplas linguagens e favorecem aprendizagens em diversas áreas do conhecimento. “Brincar é coisa séria, é a forma como a criança pensa, sente e se comunica. Quando o adulto reconhece isso, ensina com mais sensibilidade e eficácia. Não se trata de improviso, mas de planejamento pedagógico com afeto e propósito”, conclui.
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