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Publicado em 08/08/2025, às 20h59 Não sente prazer com música? Cérebro pode estar desconectado - Reprodução Ari Alves
Ouvir música costuma relaxar, acalmar e divertir mas nem todos sentem isso. A anedonia musical específica é uma condição que afeta pessoas com audição normal, que conseguem perceber e processar melodias, mas não sentem prazer ao ouvir canções.
Segundo pesquisadores, o quadro ocorre devido a uma desconexão funcional entre duas redes do cérebro: a auditiva, que processa sons e melodias, e o circuito de recompensas, responsável por gerar sensações de prazer e motivação.
Um estudo liderado pela Universidade de Barcelona, na Espanha, publicado nesta quinta-feira (7/8) na revista científica Trends in Cognitive Sciences, analisou o funcionamento desses mecanismos cerebrais.
“Investigar esses circuitos pode abrir caminho para novas pesquisas sobre diferenças individuais e transtornos relacionados à recompensa, como anedonia, vício ou transtornos alimentares”, afirmou o neurocientista Josep Marco-Pallarés, autor do artigo.
Como foi o estudo
Os cientistas desenvolveram um questionário para medir o quanto a música era gratificante para cada pessoa, avaliando cinco dimensões: emoção, regulação do humor, conexões sociais, movimento e dança, e busca por novidade. Pessoas com anedonia musical tiveram pontuações baixas em todos os aspectos.
Exames de imagem cerebral mostraram que esses indivíduos apresentam atividade reduzida no circuito de recompensa quando ouvem música, mas nível normal de resposta a outros estímulos, como ganhar dinheiro. Isso indica que o sistema de recompensa está intacto, mas não é ativado pela música.
Fatores ainda desconhecidos
As causas da condição ainda não são totalmente conhecidas. Pesquisas sugerem que fatores genéticos e ambientais podem contribuir. Um estudo com gêmeos indica que até 54% do apreço pela música pode ser determinado geneticamente.
Além de ampliar o entendimento sobre a anedonia musical, os cientistas acreditam que o estudo pode abrir caminho para investigações sobre condições semelhantes ligadas à falta de conectividade entre áreas cerebrais. Pesquisadores também trabalham com geneticistas para avaliar se o quadro pode ser revertido.